
13 jun Lobos ou cães? Estudo sugere origem genética de restos mortais de 14 mil anos
Há alguns anos, cientistas encontraram restos mortais de animais que viveram durante a última era glacial, há cerca de 14 mil anos. Inicialmente, os especialistas suspeitavam que fossem de alguns dos primeiros cães domesticados por humanos. Contudo, algumas novas análises confirmaram a verdadeira espécie dos animais.
Em um estudo publicado na revista científica Quaternary Research, pesquisadores da Universidade de York, na Inglaterra, apontam que os restos mortais pertencem provavelmente a lobos primitivos. Mais precisamente, são de duas lobas irmãs que viveram há 14 mil anos e morreram com apenas dois meses.
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Ambos os filhotes foram encontrados na região de Tumat, na Rússia — eles foram apelidados de “Filhotes de Tumat”. O primeiro foi descoberto em 2011, preservado no permafrost, e o segundo surgiu durante escavações em 2015. O permafrost é uma camada do subsolo da Terra que permanece congelada permanentemente.
“Embora muitos fiquem desapontados ao saber que esses animais são quase certamente lobos e não os primeiros cães domesticados, eles nos ajudaram a chegar mais perto da compreensão do ambiente da época, como esses animais viviam e quão notavelmente semelhantes os lobos de mais de 14.000 anos atrás são aos lobos modernos” disse a arqueológca da Universidade de York, Anne Kathrine Runge, em comunicado oficial.
Cachorros domesticados ou lobos
Apesar de terem sido encontrados em anos diferentes, a análise genética revelou que as duas são fêmeas da mesma mãe. Além disso, os pesquisadores também conseguiram realizar diversos experimentos para entender outras características desses animais.
Como estavam preservados no permafrost, os espécimes apresentavam excelente estado de conservação. Assim, as análises do conteúdo estomacal revelaram restos de uma espécie extinta da Era Glacial: o rinoceronte-lanoso.
Alguns especialistas acreditavam que eles poderiam ser os primeiros cães domesticados, alimentados pelos próprios humanos. Pois no mesmo sítio arqueológico em Tumat, também foram encontrados mamutes-lanosos com indícios caçados por humanos.
Como ficaram congelados no permafrost, os restos mortais dos lobos estava praticamente intacto; seu conteúdo estomacal revelou até sua última refeição. (Fonte: Universidade de York
Outro indício que levou os cientistas a suspeitarem de uma possível domesticação foi a pelagem preta dos filhotes. Essa característica é mais comumente encontrada nos primeiros cães domesticados, embora também seja identificada em alguns lobos.
Segundo a pesquisa, os animais provavelmente morreram devido a um deslizamento de terra, que acabou os mumificando no gelo. Como não apresentavam sinais de ferimentos, os cientistas acreditam que eles morreram dentro de uma toca subterrânea.
Evidências do passado
As amostras estomacais coletadas dos restos sugerem que os filhotes podem ter se alimentado de rinocerontes. Os testes também mostraram que a alimentação desses animais era muito semelhante à dos lobos modernos, baseada em vegetais e carne.
Se os restos forem resultados de uma caça, os cientistas acreditam que esses lobos primitivos talvez fossem maiores do que os espécimes encontrados atualmente. Porém, em outras características, apresentam diversas semelhanças.
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“Embora muitos fiquem decepcionados por esses animais serem quase certamente lobos e não cães domesticados primitivos, eles nos ajudaram a entender melhor o ambiente da época, como esses animais viviam e quão notavelmente semelhantes os lobos de mais de 14.000 anos atrás são aos lobos modernos”, Runge acrescenta.
Pesquisas sobre animais da última Era do Gelo podem revelar evidências sobre o ambiente em que viveram e até sobre as grandes mudanças climáticas do passado. Mas será que isso poderia acontecer no futuro? Entenda como a órbita da Terra pode causar uma nova Era do Gelo. Até a próxima!