
18 jun Cerca de 95% de um continente perdido está submerso; conheça a Zelândia
O fundo do oceano continua sendo um dos maiores mistérios da humanidade. Apesar de já termos alcançado 12,2 quilômetros de profundidade com a perfuração de Kola, na Rússia, a maior parte do oceano ainda é desconhecida. Um exemplo intrigante é a Zelândia, um continente perdido que permanece quase 95% submerso — também é conhecido como Te Riu-a-Māui, no idioma indígena Maori.
O nome Zelândia não é por acaso: parte desse continente submerso corresponde à Nova Zelândia. Além disso, ele também deu origem à região da Nova Caledônia, um território francês composto por diversas ilhas.
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A Zelândia está localizada entre as placas tectônicas do Pacífico e da Australiana. Segundo os cientistas, é considerada uma das regiões que mais fornecem amostras de materiais ligados aos processos tectônicos, oceanográficos, climáticos e biológicos do Oceano Pacífico.
Em um novo artigo publicado na revista científica New Zealand Journal of Geology and Geophysics, um pesquisador analisa em detalhes os dados da região para investigar mais sobre sua história geológica.
O estudo descreve que a Zelândia fez parte do antigo supercontinente Gondwana, do qual se separou há milhões de anos. Mais algum tempo depois, ele se descolou da Austrália e gradualmente se tornou o que observamos atualmente.
O continente perdido tem aproximadamente 5 milhões de quilômetros quadrados e está localizado no Hemisfério Sul. Como cerca de 95% de sua área está submersa, a parte terrestre forma algumas ilhas espalhadas pelo oceano.
“Esta é a revisão mais abrangente até o momento da geologia do continente Zelândia, com 5 milhões de quilômetros quadrados e 95% submerso. Durante a maior parte dos últimos 500 milhões de anos, a Zelândia fez parte do supercontinente meridional de Gondwana. Então, de 85 a 60 milhões de anos atrás, a Zelândia se separou de Gondwana para se tornar seu próprio continente”, disse o geólogo do Instituto de Ciências Geológicas e Nucleares Limitada e autor da revisão, o Dr. Nick Mortimer.
Continente perdido: Zelândia
Durante muitos anos, geólogos suspeitavam da existência do continente Zelândia. Porém, em 2017, um grupo de cientistas publicou um artigo com uma alta quantidade de dados que defendia sua existência. Desde então, a Zelândia passou a ser reconhecida como o continente mais recente identificado.
Segundo o professor de paleontologia e estratigrafia James Crampton, a Zelândia oferece um registro estratigráfico valioso, que auxilia no entendimento da história dos sistemas oceânicos e climáticos que influenciam o planeta.
Como está 95% submerso, um dos mistérios que envolvem o continente perdido da Zelândia é sobre os animais que habitavam sua superfície; evidências sugerem que Saurópodes podem ter vivido por lá. (Fonte: Nick Mortimer)
A estratigrafia é uma área da geologia que estuda as camadas de rochas (estratos) para compreender a formação e idade das rochas ao longo do tempo.
Como os cientistas estudam a região há alguns anos, ela se tornou uma importante fonte de conhecimento sobre diversas questões do planeta. Contudo, muitas respostas ainda permanecem um mistério.
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Por exemplo, ainda não se sabe exatamente por que o supercontinente Gondwana se fragmentou ou por que há tantos vulcões espalhados pelo continente perdido.
“Rochas vulcânicas da megassucessão da Zelândia se formaram em diferentes contextos dentro de Gondwana: rifte intraplaca, trilha de ponto quente intraplaca, intraplaca difusa e zonas relacionadas à subducção. A tectônica, a geologia e as origens da Zelândia oferecem um importante contexto para compreender seus riscos naturais e recursos”, o artigo descreve.
Ainda há muito que não sabemos sobre o interior do nosso planeta; esse é o caso da Zelândia. Quer saber mais sobre o tema? Entenda como a Terra pode esconder “supercontinentes secretos” no interior do planeta. Até a próxima!