
20 jun Planeta 9 tem 40% de existir no Sistema Solar, segundo cientista brasileiro
Desde que, em 2016, os astrônomos Konstantin Batygin e Mike Brown publicaram um estudo sugerindo que as órbitas de alguns objetos transnetunianos (TNOs) estavam sendo “conduzidas” por uma força gravitacional, uma pergunta assombra os astrônomos. Será que existe, naqueles confins do Sistema Solar, um nono planeta que explique essa configuração orbital?
Depois de muitas idas e vindas, uma equipe internacional liderada pelo astrônomo brasileiro André Izidoro pode ter finalmente encontrado a resposta. Em um novo estudo publicado recentemente na revista Nature Astronomy, os autores usaram modelos computacionais sofisticados para mostrar que os chamados “planetas de órbita ampla” não são anomalias.
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Entre esses planetas, cujas órbitas podem estar a centenas ou milhares de UAs (unidades astronômicas, ou seja, a distância da Terra ao nosso Sol), poderia estar o suposto Planeta Nove. Em outras palavras, o nosso Sistema Solar pode ter tido condições especialmente favoráveis para criar um planeta de órbita ampla, como um resultado natural e esperado da formação planetária.
Planetas em um “jogo de pinball cósmico”
A formação planetária pode ser às vezes como um “jogo de pinball cósmico”. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Izidoro, que teve seu nome dado a um asteroide pela Conferência sobre Asteroides, Cometas e Meteoros (ACM), compara a formação planetária a um “jogo de pinball cósmico”. Quando planetas gigantes interagem gravitacionalmente, alguns são arremessados para longe de suas estrelas. Mas alguns deles podem não ser ejetados e ficar presos em órbitas muito distantes.
Nas milhares de simulações realizadas, os pesquisadores modelaram realisticamente tanto sistemas parecidos com o nosso quanto configurações exóticas com dois sóis. Em todas, um padrão se manteve: instabilidades internas empurravam planetas para órbitas amplas e excêntricas, que eram depois estabilizadas pela influência gravitacional de estrelas vizinhas.
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Para o coautor Nathan Kaib, cientista do Instituto de Ciências Planetárias em Tucson, nos EUA, “quando esses chutes gravitacionais acontecem no momento certo, a órbita de um planeta se desacopla do sistema planetário interno”. Ele se torna então um planeta de órbita ampla e fica “congelado” após a dispersão do aglomerado. Essas órbitas podem chegar a 10 mil UAs.
Afinal, quais as chances de detectar o Planeta Nove?
O Planeta Nove tem 40% de chance de existir em nosso Sistema Solar, diz André Izidoro. (Fonte: André Izidoro/Divulgação)
Como o hipotético Planeta Nove orbitaria entre 250 e 1 mil UAs do Sol, as descobertas podem esclarecer seu mistério. Levando-se em conta duas fases de instabilidade do Sistema Solar — crescimento de Urano e Netuno e dispersão entre gasosos —, “há até 40% de chance de que um objeto semelhante ao Planeta Nove tenha ficado preso durante esse período”, afirma Izidoro.
O estudo conecta planetas de órbita ampla aos “planetas desgarrados” que vagam perdidos no espaço interestelar. Mas nem todos eles ficam presos gravitacionalmente, pois a maioria é ejetada completamente. Por isso, o conceito de “eficiência de aprisionamento” varia conforme o sistema: os parecidos com o nosso mostram 5-10% de probabilidade de o planeta disperso ficar ligado à estrela.
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A estimativa de Izidoro é de um planeta de órbita ampla para cada mil estrelas, mas o estudo “filtra” alguns alvos promissores para imageamento profundo: estrelas ricas em metais com gigantes gasosos. A expectativa é que o Observatório Vera C. Rubin, com first look previsto para a próxima semana, consiga vislumbrar finalmente o Planeta Nove. Se ele de fato existir.
E você, acredita que o Planeta Nove existe? Compartilhe sua opinião nas redes sociais e acompanhe conosco as próximas descobertas do Observatório Vera Rubin. Para saber mais sobre planetas desgarrados, leia: O sistema solar já teve 15 planetas orbitando o Sol. Onde eles foram parar?