Gamemax é confiável? Marca quer oferecer ‘produtos com valor’ no Brasil

Na hora de comprar componentes de hardware e periféricos no Brasil o consumidor tem um leque imponente de opções. Algumas marcas tradicionais, outras desconhecidas. Há aquelas, duvidosas e baratas, as white label que todo mundo conhece e sabe da qualidade questionável, e agora teremos o “retorno” da Gamemax.

Talvez você, assim como eu, já tenha ouvido falar da Gamemax no passado. Com sua estética verde e um leão como logotipo, a empresa volta a querer aparecer no mercado brasileiro com diversos produtos, dentre fontes, gabinetes e coolers. Mas será essa somente mais uma marca entre tantas outras, ou realmente podemos ter algo especial nessa investida?

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Em sua nova fase e cheia de intenções, o Voxel conversou com o marketing manager da Gamemax Brasil, Anderson “Sonny” Viana. Com pouco tempo de casa e experiência em marcas como a Cooler Master, o executivo projeta uma nova opção cheia de valor para os consumidores.

Gamemax é uma marca brasileira?

A primeira vez que ouvi falar da Gamemax foi sobre um monitor ultrawide de 34 polegadas há alguns. Na época eu não sabia nada sobre a marca, e embora as especificações e o preço fossem interessantes, bateu aquela sensação de desconfiança, afinal de contas, é raro sair comprando itens caros de empresas que você conhece pouco.

Criada em 2013, a Gamemax faz parte da Soho Technology, uma empresa-mãe chinesa com mais de 20 anos de mercado e especializada na confecção de componentes de computador. A Gamemax surge como esse braço focado nos itens gamer e a partir de 2024 ganhou uma reformulação: modernidade para atender a Geração Z.

Gamemax mudou sua identidade visual durante sua “revolução” como marca nos últimos tempos (Imagem: Gamemax)

Como aponta Anderson Viana, o cerne da empresa está voltado para produtos com qualidade e o design, mas sem fugir do preço. Nessa premissa, ele aponta que a marca quer se esforçar para se encaixar no estilo de vida brasileiro, e destaca o suporte técnico com boas notas em sites como o Reclame Aqui.

De fato, ao olhar no Reclame Aqui do site, há 28 reclamações com nota geral de 9,3 nos últimos 12 meses. Na página oficial do Mercado Livre, não é raro ver produtos com notas altas, principalmente nos gabinetes.

“A Gamemax quer tornar o mundo dos games uma coisa mais acessível. Não focar necessariamente na questão do preço, mas focar na questão do valor. Entendo preço e valor como coisas diferentes. Então a ideia da marca é trazer valor, não necessariamente preço, mas sempre mantendo aquela questão que o brasileiro gosta de chamar de custo-benefício”, explica Viana.

Sem medo das grandes marcas

Sempre que uma nova empresa chega ou retorna ao mercado brasileiro, o discurso tende a ser o do famoso “custo-benefício” e a proposta de preços baixos. Concorrência com as gigantes? Nem pensar.

Primeiro, sobre a questão do custo-benefício, o gerente de marketing da Gamemax no Brasil aponta que a empresa não tem apenas produtos visando a questão do preço ser somente baixo. “Esse é outro termo que eu também não concordo muito, mas que entendo o que a pessoa quer dizer quando ela fala. É quando você entrega muito benefício em um preço que pode ser considerado bom”, comenta.

No Brasil, uma das mãximas da companhia parece ser no investimento de fontes de energia com preço mais baixo (Imagem: Gamemax)

Não somente no Brasil, a questão de pequenas, médias e grandes marcas em relação à qualidade de seus produtos é sempre um dilema. Marcas pequenas podem fazer bons produtos, mesmo que em menor disponibilidade ou variedade, e grandes marcas podem fazer alguns bons produtos e muitos itens ruins. Faz parte do jogo comercial.

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Como eu nunca avaliei ou utilizei nenhum produto da Gamemax, seja como jornalista ou consumidor, é difícil fazer um juízo de valor a respeito da empresa. Apesar disso, Anderson me explicou que o objetivo da marca é bater de frente com as companhias tradicionais, que muita das vezes ele enxerga nessas marcas apenas o nome, mas nem sempre a qualidade.

“Por exemplo, quando você vê um produto topo de linha da Gamemax, se você comparar com uma marca tradicional, a diferença de preço vai estar lá, por mais que o produto muitas vezes seja até superior do que um produto de uma marca tradicional”, salienta o marketing manager.

Como gosto de dizer, resumir marcas em boas ou ruins é uma divisão muito simplória. Boas marcas podem ter alguns produtos ruins, assim como marcas ruins podem ter um ou outro produto bom. Simplificar o debate de empresas chinesas ou menos conhecidas pelo público, como a Gamemax, parece um erro crasso, principalmente ao olhar o cenário socioeconômico do país.

Durante a Computex 2025, a Gamemax anunciu projetos como o Blade Concept, um gabinete aberto bem diferente (Imagem: Gamemax)

Na visão de Anderson, a vida do brasileiro não é nada fácil, e ele se inclui nisso, entendendo o quão impactante é o poder de compra do consumidor. “Então, a ideia é combinar luxo com acessibilidade. Tentar se focar mais naquilo que de fato é o que o público quer mesmo. Naquilo que realmente eles valorizam”, ressalta o porta-voz da empresa.

Gamemax é white label?

Quando tive minha primeira interação com a Gamemax no passado, eu já imaginava a procedência chinesa dos produtos e em meio ao emaranhado de marcas brancas por aí, essa poderia ser mais uma. Errado. A Gamemax não é uma marca white label, e muito pelo contrário, cria todos os seus produtos do zero.

Marcas white label terceirizam a produção de seus produtos e no mundo do hardware não é difícil ver aquela mesma peça, com as exatas características sendo vendidas por inúmeras empresas diferentes. Essas empresas apenas colocam seu design no produto e vendem como se fosse seu.

Anderson Viana aponta que a Gamemax possui estações de pesquisa e desenvolvimento, e todos os seus produtos são criados do zero. Claro, há aqueles modelos inevitavelmente parecidos com os de outras marcas, como determinadas ventoinhas e os gabinetes aquário, mas essa é mais uma onda do mercado — e a Gamemax logicamente não vai deixar de surfar.

Fabricação própria também permite a criação de produtos únicos, diferente de marcas brancas que geralmente apenas copiam designs já criados (Imagem: Gamemax)

“A Gamemax consegue ser autônoma. Desse jeito é possível fazer um produto diferenciado. Então, por exemplo, no aspecto de qualidade, a gente tem o controle total sobre o processo de produção, que é uma coisa que as white label não tem, porque terceiriza e depende de fornecedor. E aí você tem várias inconsistências em linha de produção não controladas especificamente pela marca, que só está se focando no preço”, aponta o gerente de marketing da Gamemax Brasil

O simples fato da companhia desenvolver seus próprios produtos já dá um sinal de confiabilidade maior. Marcas white label, inclusive algumas bem populares no mundo do hardware, se destacam pelo preço baixíssimo e luzes RGB para disfarçar a qualidade ruim.

Só o tempo dirá se a qualidade dos produtos da Gamemax é boa ou não, mas o indicativo é promissor. As avaliações de usuários apontam que bons produtos são vendidos por preços bem competitivos, e isso seria ótimo para acirrar mais a batalha entre empresas, mas a amostragem ainda não é tão alta.

Futuro interessante, mas vai vingar?

Hoje a marca tem uma forte presença em marketplaces como o Mercado Livre, e Viana indica um fortalecimento na página do AliExpress nos próximos meses. Canais de venda como Kabum e Terabyteshop até possuem alguns produtos, mas com disponibilidade limitada.

Produtos intermediários com preços baixos podem ser atrativo para os consumidores, mas depende da flexibilização da marca (Imagem: Gamemax)

Os preços realmente empolgam, e Viana promete uma série de produtos que chegarão ao país nos próximos meses, como water coolers de 360 mm, mais gabinetes, etc. A impressão que fica é positiva, mas seria injusto da minha parte elogiar tanto uma marca sem sequer testar um de seus produtos. O que sinto é a expectativa de mais um player parrudo em um mercado lotado de oportunidades e marcas duvidosas.

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A Gamemax tem um futuro bem promissor, pelo menos no papel, e caso consiga aliar esses preços baixos e a qualidade prometida, pode fazer muito sucesso por aqui. Nos produtos mais baratos, claro, é impossível esperar o mesmo acabamento ou qualidades de um concorrente com o triplo do preço e tier premium, mas tem espaço para crescer.