DeepSeek é acusada de colaborar com espionagem da China e usar chips proibidos

A empresa de inteligência artificial DeepSeek estaria fornecendo dados que auxiliam em operações militares e de inteligência do governo da China, conforme relatou a Reuters na última segunda-feira (23). As informações são de uma autoridade dos Estados Unidos.

Falando sob a condição de anonimato, o alto funcionário também apontou que a startup utilizou tecnologia de ponta no desenvolvimento do seu modelo de linguagem, incluindo processadores fabricados pela Nvidia. O acesso a tais equipamentos é proibido, devido a restrições do governo americano contra certas marcas estrangeiras.

Leia também: DeepSeek: teste mostra que app é inseguro e envia dados sem criptografiaA suposta ligação entre a DeepSeek e o governo chinês vem sendo comentada há vários meses. (Imagem: Getty Images)

Quais são as novas denúncias contra a DeepSeek?

De acordo com o entrevistado, que integra o Departamento de Estado dos EUA, os responsáveis pela IA forneceram apoio ao serviço de inteligência e às forças militares chinesas, o que possivelmente continua a acontecer. A desenvolvedora estaria compartilhando informações e estatísticas de usuários.

Embora a lei chinesa determine que as empresas locais forneçam dados ao governo, a DeepSeek os compartilharia voluntariamente, mesmo sem qualquer solicitação de Pequim;Autoridades americanas já desconfiavam da prática após analisarem as políticas de privacidade da plataforma, que citavam o compartilhamento de dados com a empresa China Mobile;O relatório também detalha que a startup foi mencionada mais de 150 vezes em registros de compras para o Exército de Libertação Popular da China e outras instituições ligadas à área de defesa;Ainda conforme o funcionário, a DeepSeek usou empresas de fachada do Sudeste Asiático para driblar os controles de exportação americanos;Essa estratégia permitiu acessar os chips H100 da Nvidia remotamente, cujo uso por empresas chinesas é proibido desde 2022.

Apesar das descobertas, a fonte afirmou que a Casa Branca não pensa em impor sanções contra a IA chinesa, neste momento. Também não está nos planos aumentar o rigor no controle do uso de tecnologias avançadas desenvolvidas nos EUA por empresas com restrições.

Saiba mais: DeepSeek: 7 fatos que você precisa saber sobre a IA

Um porta-voz da Nvidia disse que a gigante dos semicondutores não apoia a utilização dos seus produtos por marcas incluídas nas listas de restrição. Já a DeepSeek não se pronunciou a respeito das denúncias, mesmo caminho adotado pelas autoridades chinesas que foram procuradas.

Dados dos usuários estariam sendo compartilhados com autoridades chinesas. (Imagem: Getty Images)

Suspeitas de ligação com o governo chinês e bloqueio da IA

Outros países também já acusaram a DeepSeek de ser controlada pelo governo da China, mesmo sem provas mais concretas. Parte desta suspeita se deve às respostas censuradas do bot chinês, que em alguns casos pode ignorar as solicitações dos usuários ou fornecer respostas vagas.

Em testes feitos pelo TecMundo no final de janeiro, a IA se mostrou relutante ao responder sobre alguns temas sensíveis para o governo local, uma vez que segue as leis do gigante asiático. Confira o experimento neste texto.

Diante dessas suspeitas, entidades governamentais de vários países chegaram a proibir a utilização do chatbot em dispositivos oficiais, temendo que informações sigilosas pudessem ser acessadas pela China. Itália, Coreia do Sul, Taiwan e Austrália estão entre as nações que restringiram o acesso à tecnologia.

Confira: DeepSeek: brecha de segurança expôs milhões de dados sensíveis de IA chinesa

Com alegações semelhantes, a OpenAI chegou a sugerir ao governo Trump que proibisse a DeepSeek nos EUA, em um relatório divulgado em março. O documento apontou que a IA rival representa riscos à privacidade e segurança dos usuários.

Você usou ou ainda utiliza a IA chinesa? O que pensa sobre as novas denúncias que surgiram contra ela? Dê a sua opinião nas redes sociais do TecMundo.