
02 jul Google reporta 51% de aumento na emissão de CO2 desde 2019; IA pode ser ‘culpada’
Em sua 10ª edição do Environmental Report, divulgada no fim de junho, o Google revelou que suas emissões de carbono aumentaram 51% entre 2019 e 2024 — e esse número pode ser uma subestimativa.
O crescimento se deu, principalmente, nas emissões de escopo 3, também conhecidas como emissões da cadeia de valor — ou seja, emissões indiretas de gases de efeito estufa (GEE) provenientes de atividades que estão fora do controle direto da empresa, como fornecedores, transporte e uso de produtos.
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Segundo o próprio Google, essa área continua sendo um “desafio”. O relatório aponta que, em 2024, foram emitidas 8,4 milhões de toneladas de CO₂ (tCO₂) no escopo 3 — um aumento de 25% em relação a 2019. Já as emissões operacionais (escopos 1 e 2) somaram 3,1 milhões de tCO₂, representando um salto de 241% no mesmo período.
As emissões de gases do Google aumentaram desde 2019. (Fonte: Google/Reprodução)
“Em 2024, nossas emissões totais baseadas em ambição foram de 11,5 milhões de tCO₂e, representando um aumento de 51% em relação a 2019”, destaca o relatório.
“Um desafio fundamental é a implantação mais lenta do que o necessário de tecnologias de energia livre de carbono em escala, e chegar lá até 2030 será muito difícil”, reconhece o Google. “Embora continuemos a investir em tecnologias promissoras, como geotérmica avançada e SMRs (Small Modular Reactors), sua adoção generalizada ainda não foi alcançada por estarem em estágio inicial, serem caras e pouco incentivadas pelas estruturas regulatórias atuais”.
Emissões podem ser ainda maiores, diz estudo independente
Mas o cenário pode ser ainda mais preocupante. Um estudo do grupo Kairos Fellowship estima que o Google tenha emitido cerca de 65% mais carbono entre 2019 e 2024 do que os números oficiais indicam. O levantamento também aponta um aumento de impressionantes 1.515% nas emissões em relação a 2010, ano em que a empresa começou a reportar seus dados ambientais.
As métricas utilizadas pelo Google aliviam os números reais da empresa. (Fonte: Kairos Fellowship/Reprodução)
Segundo a análise, o salto mais brusco nas emissões ocorreu entre 2023 e 2024, com um aumento de 26%. Coincidentemente (ou não), o Gemini, modelo de IA generativa do Google, foi lançado oficialmente em dezembro de 2023.
“Os dados do próprio Google deixam claro: a corporação contribui para a catástrofe climática. As métricas que importam — emissões, uso de água e tendência de consumo de recursos — estão indo na direção errada, tanto para nós quanto para o planeta”, criticou Nicole Sugerman, gerente de campanha da Kairos, em entrevista ao The Guardian.
A fome energética da inteligência artificial
Com a popularização de ferramentas de IA generativa, o alto consumo de energia dos data centers virou um ponto central no debate ambiental. O Google, como uma das líderes do setor, reconhece essa demanda crescente.
“A rápida evolução da IA muda fundamentalmente nosso negócio e a indústria como um todo. Isso impulsiona uma demanda não linear por energia, tornando nossas trajetórias de consumo e emissões difíceis de prever”, afirma a empresa.
Apesar das críticas, o Google destaca que houve uma redução de 12% nas emissões energéticas dos data centers em 2024, em comparação a 2023, graças à aquisição de novas fontes de energia limpa. No entanto, os próprios dados da empresa sugerem que a meta de zerar as emissões até 2030 pode não ser alcançada.
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Você pode conferir o relatório do Google na íntegra (em inglês) neste link. O estudo independente da Kairos Fellowship também está disponível na web.
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