O que aconteceu com Darkwatch? Relembre o clássico de PS2 e entenda o cancelamento da franquia

O ano de 2005 foi histórico para jogos com a temática de velho oeste. Além de Gun, no qual já contamos a sua história aqui no Voxel, outro game do gênero também fez muito sucesso no PlayStation 2: o sombrio e original Darkwatch. O título produzido pela saudosa High Moon apostava em uma temática mais sombria, onde o protagonista se tornava uma espécie de vampiro, e precisava deter monstros e outras criaturas infernais. 

E apesar de ter feito muito sucesso, e ser lembrado com carinho pelos jogadores até hoje, desde então o jogo não ganhou uma continuação. Assim como outras pérolas daquela geração, Darkwarch simplesmente caiu no esquecimento e nunca ganhou um remake ou remaster. Mas qual seria o motivo? 

 Veja também: Nuuvem: jogos da Steam para PC com até 95% OFF

Afinal, será que ainda há chances de um remake ou algo parecido? Os fãs ainda podem sonhar com o lançamento de um Darkwatch 2? É isso que o Voxel conta hoje para você. Confira o que aconteceu com Darkwatch.

Qual era a história de Darkwatch?

Darkwatch começa em uma noite densa e sombria no velho oeste, onde os jogadores são apresentados a Jericho Cross, um fora da lei mal-encarado cuja especialidade é o assalto a trens. Entretanto, em uma de suas jornadas criminosas, ele acaba sendo surpreendido por um “vagão amaldiçoado” e acaba libertando Lazarus, um antigo e poderoso vampiro, que acaba mordendo o protagonista e mudando sua vida para sempre. 

Jericho acaba sendo contaminado pela maldição e se torna um híbrido, ou seja, metade vampiro e metade humano. Diante disso, ele é recrutado pela organização secreta Darkwatch, que é responsável por manter a paz no mundo dos humanos, capturando criaturas de outro mundo, inclusive o próprio Lazarus. Agora, cabe ao pistoleiro usar seus novos poderes para ajudar a impedir uma invasão de monstros demoníacos e, ao mesmo tempo, capturar o vampiro que ele acabou libertando. 

Apesar do clima meio clichê, o enredo tinha algumas particularidades que garantiam bastante entretenimento durante a aventura. A principal delas era de permitir que o jogador escolhesse qual lado seguir, o do bem ou do mal. Isso além de interferir diretamente nas suas habilidades, também moldavam o rumo do personagem até o final da história, que seguia acompanhada de um gameplay viciante.

Por que Darkwatch fez tanto sucesso?

Um dos principais motivos para o sucesso de Darkwatch era o seu gameplay frenético. O jogo, em primeira pessoa, trazia hordas de criaturas demoníacas, onde era preciso usar diferentes tipos de armas para dar conta de todas as ameaças. Esses mesmos inimigos traziam um grau a mais de dificuldade à medida com que você avançava pelas fases, além de confrontos com criaturas mais poderosas quase sempre no encerramento de um ato. 

Além disso, o personagem poderia usar suas habilidades de vampiro, como grandes saltos e escudos de sangue, além de outras que cada caminho escolhido oferecia, como usar algumas criaturas como aliados, ou até mesmo roubar sangue de inimigos para se curar. Isso ampliava até mesmo o fator replay do game, instigando os jogadores a completá-lo seguindo um caminho por vez e assim conferir os dois finais. Pois é, dependendo do seu caminho, você garantia um final bom ou ruim.

Os gráficos do game também não deixavam a desejar. Embora, naquela época, títulos com um visual mais realista já eram comuns, Darkwatch agradava por trazer cenários que mesclavam o universo comum às obras situadas no velho oeste, com uma pegada steampunk. Com isso, ao mesmo tempo em que os jogadores adentravam saloons, bancos e outras localidades, também era preciso encarar castelos e fortaleza repleta de portais para outros mundos e uma série de bugigangas. 

Darkwatch trazia cenários que mesclavam o velho oeste com uma pegada steampunk.

Por fim, a forma descompromissada do jogo também agradava. Isso porque ele não levava muito tempo para ser zerado e, quando concluído, ainda dava aos jogadores uma série de itens e outros desbloqueáveis, como skins, armas únicas, artes conceituais, e até mesmo fases extras. Mais do que uma experiência single-player narrativa, o título era uma boa pedida para desligar a cabeça e destruir seres malignos, numa pegada parecida com DOOM.

Curiosidades e polêmicas de Darkwatch

Apesar de ter agradado o público e conseguido uma grande legião de fãs, Darkwatch acabou vivenciando muitas polêmicas antes, durante e depois do seu lançamento. Enquanto grande parte dessa história pode ser desconhecida para brasileiros que descobriram o game na era do PS2, as consequências dos bastidores acabaram ajudando a selar o triste destino da franquia.

Uma das tristes curiosidades envolvendo Darkwatch está na sua distribuição. O game foi desenvolvido pelo estúdio High Moon e distribuído por ninguém menos que Capcom e Ubisoft. Sim, grandes empresas que hoje “rivalizam” em diversos gêneros, foram responsáveis pela distribuição do título ao redor do mundo. Enquanto a primeira lançou Darkwatch na América do Norte, coube a Ubi à venda do game na Europa e Oceania. 

Vale ressaltar que, naquela época, essa prática era comum e esse não foi o único game que teve uma distribuição parecida. No entanto, a grana vinda das publishers acabou sendo usada de maneira controversa durante a divulgação do jogo.

Assim como boa parte dos títulos lançados na era 128 bits, Darkwatch era um game voltado para o público adulto, e com classificação etária para maiores de 18 anos. O motivo eram vários, desde cenas de violência explícita, como desmembramentos, mutilações, e verdadeiros banhos de sangue, até diálogos repletos de palavrões e expressões ofensivas. 

Além disso, o game ainda contava com um grande apelo sexual, com direito a uma cena de sexo entre o protagonista e a personagem Tala. Esse lado erótico de Darkwatch acabou virando munição para a divulgação do game, que teve suas personagens femininas “posando nuas” de forma exclusiva para a revista Playboy. 

A foto acima, que foi revivida lá no Reddit, mostra a agente Tala “como veio ao mundo” em uma forma de divulgar o jogo. E ela não foi a única: a personagem Cassidy também ganhou destaque na seção “Girls of Gaming” da Playboy na época de lançamento do game. Esse tipo de coisa era comum na época, mas claramente caiu no esquecimento com o tempo.

Por que Darkwatch nunca ganhou uma sequência?

Além de ter conquistado espaço no coração de muitos jogadores e na revista Playboy, Darkwatch quase virou uma grande franquia. Um ano depois da estreia do game, começaram a circular conversas sobre uma sequência do game e até um filme que levaria a história de Jericho Cross para os cinemas. A má notícia é que nada disso foi para frente.

A sequência de Darkwatch chegou a entrar em desenvolvimento na High Moon e prometia criar um grande universo compartilhado, que ganhou uma demo na GDC 2006. O próximo jogo traria uma história se passando na Segunda Guerra Mundial e diversas mudanças. A começar pela jogabilidade, que seria em terceira pessoa, e com muito mais usos de veículos e outros elementos para o combate. 

Além disso, o visual seria ainda mais moderno, com destaque para um chapéu mais alto para que o rosto do protagonista pudesse aparecer mais do que no primeiro game. Tudo isso estava sendo produzido dentro da Unreal Engine, diferente do jogo anterior, que foi feito em uma engine própria do High Moon Studios. Com isso, a intenção também era de expandir as plataformas do game, tanto para o PC como para os novos consoles da época: o Xbox 360 e o PS3. 

Entretanto, em 2007, com a fusão da Activision e a Blizzard, os desenvolvedores de Darkwatch 2 tiveram uma surpresa infeliz. O projeto foi cancelado pela empresa, para que seus desenvolvedores e estúdios tivessem um foco maior nas franquias que mais vendiam na época: Guitar Hero, Tony Hawk e Call of Duty. Com isso, o projeto acabou sendo engavetado e nunca mais foi retomado, mesmo com boa parte dele já em produção. 

Segundo Paul O’Connor, chefe de design da High Moon na época, o estúdio tentou ao máximo vender a criação de uma nova grande IP e garantir a sobrevivência da franquia. No entanto, assim como acontece hoje em dia, os executivos da Activision disseram que o foco da empresa no momento era investir em franquias consolidadas e nomes amplamente conhecidos, o que acabou levando ao fim da vida de Darkwatch. 

Enquanto o projeto acabou morrendo na época, ainda é possível encontrar imagens na internet mostrando o conceito do universo de Darkwatch. Além da Segunda Guerra Mundial, a empresa pretendia fazer até mesmo embates contra vampiros na era medieval. Uma pena que talvez nunca vejamos isso acontecer.

Darkwatch 2 ainda pode ser lançado? 

Infelizmente, a probabilidade de Darkwatch 2 ser lançado é muito baixa. A começar pelo fato de que a atual detentora dos direitos, a Activision, agora é um braço da Microsoft, que por sua vez não parece muito focada em reviver clássicos do passado. Em um episódio mais recente, mesmo depois de ser apresentado ao mundo com um vídeo de gameplay, o reboot de Perfect Dark foi cancelado pela empresa, e o estúdio responsável foi fechado. Com isso, diminuem as chances de termos uma continuação de Darkwatch 2 financiada pela Microsoft. 

Uma outra alternativa poderia ser recorrer a uma outra empresa para o desenvolvimento e lançamento da continuação. Mas isso também não é algo fácil de ser feito. Em entrevista para o site The Gamer, alguns anos depois do cancelamento da sequência, os co-criadores do jogo tentaram adquirir os direitos junto a Activision, mas desistiram diante da pouca vontade da empresa em vendê-los e ao alto preço que era pedido. 

Ou seja, assim como na época do cancelamento de Darkwatch 2, a franquia pode não retornar hoje em dia pelos mesmos motivos de antigamente: as grandes empresas seguem apostando em franquias gigantes, como Call of Duty e Tony Hawk’s, sem dar chance para jogos menores, mesmo que exista muito potencial a ser explorado.

O jeito é torcer para uma grande reviravolta, no nível de um milagre, para que alguém possa olhar com bons olhos, e apostar em uma sequência, daquele que foi um dos jogos mais marcantes do gênero na era 128 bits. E você, gostaria de um remake ou uma sequência de Darkwatch? Conte para a gente nas redes sociais do Voxel!