
17 jul Mistério no espaço: ondas de rádio de origem desconhecida estão intrigando astrônomos
Um sinal de rádio diferente, cujas ondas são detectadas em direção à Terra a cada 14 minutos, está deixando astrônomos intrigados. Trata-se de um Transiente de Rádio de Longo Período (LPRT) “incomum”, conforme descreveram cientistas em um estudo publicado na plataforma arXiv, no último dia 7 de julho.
Denominado CHIME J1634 + 44, o sinal misterioso foi detectado em outubro de 2022 durante uma busca por pulsares feita por pesquisadores do Experimento Canadense de Mapeamento de Intensidade de Hidrogênio (CHIME). Na primeira vez, eles identificaram apenas uma explosão, mas desde então outras 89 foram registradas nos anos seguintes.
Leia também: Objeto misterioso no espaço emite sinais a cada 44 minutos e intriga astrônomosA pesquisa envolveu o uso de quatro radiotelescópios potentes. (Imagem: Getty Images)
O que há de diferente no sinal?
Segundo a pesquisa, liderada pelo Observatório Nacional de Radioastronomia dos Estados Unidos (NRAO), o sinal de rádio incomum parece se repetir a cada 841 segundos (14 minutos) e há um período secundário distinto de 4.206 segundos (70 minutos). Este último provavelmente é relacionado à atividade binária.
A interação binária pode ser causada pela radiação de ondas gravitacionais ou a adição de material de outro objeto companheiro nas proximidades, como teorizam os especialistas;O objeto cósmico também se diferencia dos demais transientes de longo período pelas rajadas 100% polarizadas circularmente, com as ondas de rádio formando uma espiral enquanto viajam pelo espaço, algo extremamente raro;Ele se destaca, ainda, pela rotação acelerada, consistindo em uma combinação de fatores que nunca havia sido encontrada em LPTs;O CHIME J1634 + 44 está localizado na constelação de Hércules, que fica em uma região menos congestionada da Via Láctea, facilitando a detecção dos sinais.
Na pesquisa, chefiada pelo astrônomo Fengqiu Adam Dong, foram usados alguns dos radiotelescópios mais avançados do mundo. Além do CHIME, o estudo envolveu o telescópio Green Bank da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, o projeto Very Large Array (VLA) e o Observatório Neil Gehrels Swift da NASA.
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O CHIME contribuiu com seu amplo campo de visão, detectando as rajadas periódicas do objeto e monitorando a evolução da rotação, enquanto o VLA ajudou a refinar a localização e a mitigar as distorções. Já o Green Bank disponibilizou dados para analisar a polarização e o Swift ajudou na investigação dos sinais de alta energia associados.
Registro das ondas de rádio feitas pelo radiotelescópio CHIME. (Imagem: Phys.org/Reprodução)
Qual é a fonte do sinal?
Os astrônomos ainda não têm uma resposta sobre que tipo de objeto estaria emitindo essas ondas de rádio incomuns. Algo mais exótico do que um simples pulsar de rotação lenta, como um magnetar, uma anã branca magnética ou uma classe totalmente nova de objeto celeste são algumas das possibilidades.
As ondas de rádio também podem ser originadas a partir das interações entre duas estrelas orbitando uma à outra bem de perto, como destacam os autores. É possível que elas estejam perdendo energia ou liberando ondas gravitacionais, o que explicaria a órbita do sistema encolhendo, mas novas observações são necessárias para entender melhor o fenômeno.
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“A descoberta do CHIME J1634 + 44 expande a população conhecida de LPTs e desafia os modelos existentes de estrelas de nêutrons e anãs brancas, sugerindo que pode haver muitos mais objetos desse tipo aguardando descoberta”, declarou Dong ao site do NRAO. Ele também disse que o estudo abre caminhos para desvendar os mistérios sobre esses objetos cósmicos enigmáticos.
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