
17 jul Qual o papel das Big Techs no tarifaço e na investigação de Trump contra o Brasil?
Enquanto as tensões comerciais entre Estados Unidos e Brasil continuam e parecem escalar a cada dia, o governo agora desconfia que há interesses das grandes empresas de tecnologia por trás da pressão de Donald Trump. A informação é do blog do jornalista Octavio Guedes, no g1.
Segundo ao menos três fontes ouvidas pela página, pessoas ligadas ao presidente Luís Inácio Lula da Silva atribuem às chamadas Big Tech a maior “culpa” pelo tarifaço específico contra o país, além da futura investigação comercial contra atividades brasileiras.
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Esse fator não é o único envolvido e a aprovação de Trump em relação ao pedido ainda foi necessária, mas a atuação das empresas para pressionar o país seria mais relevante do que os processos em andamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e a atuação brasileira no grupo econômico dos Brics.
Qual seria o motivo da pressão das Big Tech?
Para além das fontes ouvidas pelo g1, colunas como a Talita Moreira no Valor Econômico e Filipe Figueiredo (um dos apresentadores do podcast Xadrez Verbal) no Estadão reforçam essa tese.
O governo dos EUA e as Big Tech estão mais próximos do que nunca na atual administração de Trump. Vários CEOs dessas companhias fizeram doações para o empresário durante a campanha eleitoral e compareceram à cerimônia de posse da gestão, o que é considerado um ato simbólico de apoio;As companhias chamadas de Big Tech com atuação na área de servidores ou redes sociais são todas fundadas nos EUA. É o caso de Amazon, Google, Microsoft, X e Meta (dona de Facebook, Instagram e Threads);Mark Zuckerberg, da Meta, é o executivo que mais parece próximo de Trump. Em janeiro, ele descontinuou o serviço de moderação nas redes sociais da empresa, prometeu ajudar o governo “pela liberdade de expressão” e até criticou o Judiciário de países da América Latina. Já Elon Musk, do X, está atualmente brigado com Trump, mas tem ainda menos apreço pelo Brasil após a cobrança de multas e a suspensão da rede social no país em 2024;Nas últimas semanas, o Brasil sediou um encontro dos Brics e participou da assinatura de uma declaração sobre governança global da inteligência artificial (IA) e menor dependência de serviços norte-americanos. Além disso, a regulamentação de redes sociais ainda não aconteceu integralmente, mas elas agora já são consideradas responsáveis por conteúdos criminosos no ar;Outros alvos de tarifas e críticas de Trump, como o Canadá e a União Europeia, também agiram de forma similar recentemente na tentativa de aumentar a fiscalização contra plataformas digitais dos EUA;
Segundo Talita, o Pix, que é um dos novos alvos de Trump, pode ter incomodado muitas companhias dos EUA. É o caso de Visa e Mastercard, bandeiras de cartões que perderam relevância no país com o pagamento instantâneo pelo celular, e até a Meta, que tentou lançar um serviço parecido no WhatsApp e foi inicialmente barrado pelo Banco Central, sem conquistar o público após a liberação;Já Filipe explica que a atuação livre dessas plataformas “permitem ao governo dos EUA uma enorme capacidade de presença e até ingerência na política de outros países, incluindo o acesso aos dados pessoais”. O acesso maior a dados da população, inclusive, também foi uma reclamação feita contra o Brasil;Guedes relembrou ainda outra disputa incluindo os dois países: a venda do excedente de energia da hidrelétrica de Itaipu. O Brasil tem preferências comerciais pelos acordos com o Paraguai, mas os EUA estariam atrás dessa energia para alimentar data centers voltados para IA;
Em outras palavras, há suspeitas de que essas empresas teriam solicitado a Trump uma pressão adicionar ao Brasil para flexibilizar ou acabar com a chamada “perseguição” contra as Big Tech em território nacional. Não há evidências concretas dessa acusação até o momento e nenhuma das companhias que estariam envolvidas se manifestou sobre o caso.
Relembre a briga entre Trump e o Brasil
A atual controvérsia comercial e política entre os dois países se intensificou na última semana, quando Trump anunciou em uma carta a Lula uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros enviados aos EUA. No aviso, ele cita não apenas as investigações contra Bolsonaro e as plataformas digitais, mas um possível déficit comercial no lado estadunidense da relação — o que se descobriu como mentira ao analisar os valores das transações entre os dois países.
Nesta semana, os EUA ampliaram a pressão a partir de um órgão fiscalizador, que anunciou uma investigação contra o Brasil por uma série de supostas práticas comerciais irregulares do Brasil ao longo dos anos. Os argumentos incluem o tratamento contra as Big Tech, mas sugerem também problemas de concorrência com o Pix e até preocupações com pirataria e venda de produtos falsificados, com uma menção direta à Rua 25 de Março, em São Paulo.
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