Crítica: Quarteto Fantástico Primeiros Passos é um dos filmes mais belos e burros do MCU

A sexta fase do universo cinematográfico da Marvel começou oficialmente com Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (24). O longa-metragem introduz oficialmente a primeira família dos quadrinhos ao MCU em uma nova história com estética retrofuturista, o que garante um visual único e estiloso para a obra.

No entanto, a produção dirigida por Matt Shakman acaba pecando em outras frentes, principalmente em seu roteiro. Com isso, apesar de encantar na beleza e no carisma, o novo longa-metragem também pode ser considerado um dos mais burros de todo o MCU, soando bem contraditório considerando que o Reed Richards de Pedro Pascal é um gênio da ciência.

A história de um Quarteto extremamente Fantástico

A narrativa do longa-metragem se passa na Terra 828, uma versão alternativa da conhecida pelos fãs do MCU. Com uma ambientação retrofuturista, esta versão do planeta compartilha a mesma história que a nossa, mas com um grande diferencial: um grupo de astronautas foi ao espaço e ganhou poderes em uma tempestade cósmica.

Para evitar ser mais um filme de origem, a produção nos apresenta esses heróis durante um especial de televisão, celebrando as atividades do grupo. Assim, por meio de uma breve retrospectiva, conhecemos o Quarteto Fantástico do MCU, que é formado por:

Reed Richards, o Senhor Fanástico, um gênio da ciência que também consegue esticar seu corpo — interpretado por Pedro Pascal.Sue Storm, a Mulher Invisível, que consegue desaparecer e também criar campos de força — interpretada por Vanessa Kirby.Ben Grimm, o Coisa, um experiente piloto que tem seu corpo transformado em rocha — interpretado por Ebon Moss-Bachrach.Johnny Storm, o Tocha Humana, que consegue colocar seu corpo em chamas — interpretado por Joseph Quinn.

De uma maneira que parece até os recaps de personagens do Aranhaverso, mas se levando a sério, o filme estabelece que os heróis já salvaram o mundo (diga-se Nova York), diversas vezes, possuem até um desenho animado e são alvo de fofocas do público. Essas fofocas, inclusive, envolvem a chegada de um quinto membro ao grupo, o filho de Reed e Sue, Franklin Richards.

Veja também: Qual a origem do Quarteto Fantástico nos quadrinhos? Conheça a história dos personagens

A ameaça de Galactus e a Surfista Prateada

Enquanto a família se prepara para a chegada do bebê, tudo muda com a aparição de uma ameaça jamais vista pelo grupo. Uma surfista prateada, interpretada pela talentosa Julia Garner, dá as caras na Terra (diga-se Nova York) para avisar que o mundo será devorado por Galactus, um ser especial que consome planetas no café da manhã.

A partir daqui, as coisas ficam realmente intensas. Confesso que eu tinha bastante medo da aparição do Galactus nesse filme, pois adaptar um homem gigante e roxo que come planetas para o cinema parece desafiador. A Fox, inclusive, desistiu dessa ideia em sua versão de Quarteto Fantástico, transformando o vilão em uma nuvem de poeira intergaláctica.

Surfista Prateada e Galactus são introduzidos no MCU em novo filme do Quarteto Fantástico.

A versão do MCU do vilão traz pouco backstory e contexto, mas conta com uma construção que faz sentido e é bastante crível até para quem não acompanha quadrinhos. O mesmo também vale para a Surfista Prateada: o longa não dedica muito tempo para explicações diretas, mas tanto sua aparição quanto sua existência fazem sentido dentro do universo do filme.

O grande problema do longa-metragem é que a pressa em resolver alguns problemas (e também criar outros) acaba sendo danosa para quem mais importa: o Quarteto Fantástico.

Saiba mais: Quem é Shalla-Bal? Conheça a versão feminina do Surfista Prateado

Momentos tolos podem tirar o espectador do longa-metragem

Durante toda sua extensão, o filme do Quarteto Fantástico não poupa cenas mostrando o quão famosos e poderosos são os membros do grupo, dando destaque principalmente para a inteligência de Reed Richards, que aparece gastando muito giz ao escrever em quadros gigantes. No entanto, as capacidades mentais do personagem de Pedro Pascal acabam ficando em xeque em diversos momentos, e claramente isso é culpa do roteiro.

Eu não vou dar spoilers por aqui, mas tirando a chegada de Galactus, que é algo inevitável, todos os principais pontos de virada do filme são calçados em decisões questionáveis do Quarteto Fantástico, principalmente do paizão da família. Enquanto algumas dessas movimentações podem não soar críveis por viajarem demais na maionese, outras são simplesmente escolhas estúpidas que poderiam ser evitadas por qualquer um, principalmente por grandes heróis.

Roteiro de Quarteto Fantástico é marcado por escolhas questionáveis.

Enquanto esses deslizes de roteiro são pontuais, os mecanismos acabam influenciando muito a narrativa e se tornando pilares centrais de tudo que acontece. E isso acaba dando força para algo que nenhum filme quer passar: quanto mais você pensa na obra, pior ela vai ficando.

No entanto, é válido ressaltar que sou extremamente chato com essas coisas, e se você também não aguenta ver um personagem inteligente cometendo burrices, é bom se preparar caso vá assistir ao filme. Afinal, apesar dos deslizes, o longa também tem seus momentos de brilho — e também é uma parada obrigatória para quem ainda acompanha o MCU.

Quarteto Fanástico encanta aos olhos e ouvidos

Enquanto grande parte do filme é movida por decisões ilógicas de roteiro, os caminhos que o filme nos leva são bem construídos e cheios de emoção. O longa-metragem conta com uma estética linda em suas cenas na cidade de Nova York, dando vida a um universo retrofuturista que parece retirado de uma revista em quadrinhos.

Além disso, as cenas no espaço também são bem interessantes. Um dos embates que rolam nas estrelas conta com belos visuais, ressaltados pela trilha sonora impactante do longa-metragem. Alguns momentos são de literalmente tirar o fôlego, e só são quebrados pelos pontos que levantei anteriormente.

Elenco brilha, mas personagens não ganham tanto destaque

Outro destaque fica para a atuação do quarteto de protagonistas, que entrega bastante química e carisma. Todos trazem um ar de frescor aos seus personagens, com destaque para Joseph Quinn e Ebon Moss-Bachrach, que entregam cenas divertidas e, na minha opinião, podiam até ganhar mais tempo de tela.

No entanto, como o filme acabou se esquivando da história de origem, praticamente nenhum dos protagonistas possui um grande desenvolvimento além do profissional. Durante as duas horas de filme, vemos pouco da vida “pré-heroismo” do grupo e de sua rotina como civis — a escolha de um elenco de peso, inclusive, pode ser um mecanismo para driblar essa questão inicial. O grande problema é que, a partir de agora, os personagens só devem retornar acompanhados de outros heróis e com arcos ainda maiores, o que pode dificultar a criação de laços mais profundos com o público.

Um futuro promissor para o MCU, mas que precisa melhorar

Quarteto Fantástico: Primeiros Passos chega como algo raro no MCU: um filme que você pode assistir sem qualquer amarra, sendo uma porta de entrada para um futuro promissor para esse universo de super-heróis no cinema. No entanto, apesar de belo, por vezes o longa é tão burro quanto… Uma porta, deixando a experiência bem aquém do esperado para uma produção com tantos nomes de peso.

Mesmo com tropeços tão grandes quanto o sapato de Galactus, Quarteto Fantástico mostra que o futuro do MCU é bastante promissor. Em uma de suas cenas pós-créditos, inclusive, o filme dá um pequeno gosto do que podemos esperar da fase 6 do universo compartilhado, que promete se calçar bastante na família fantástica.

A Marvel precisa dedicar mais atenção ao roteiro para entregar algo à altura de personagens e atores tão grandiosos.

Com um elenco de peso, o Quarteto Fantástico possui atores talentosos e premissas que podem ajudar a equipe a ganhar o coração de muitos fãs. No entanto, a Marvel claramente precisa dedicar mais atenção ao roteiro para entregar uma experiência narrativa que fique à altura dos personagens e de atores tão talentosos que estão entrando nesse universo.

Veja também: Fase 6 do MCU está começando! Veja lista de filmes e séries em ordem de lançamento

De acordo com Kevin Feige, o universo cinematográfico da Marvel sofrerá um “reset” após Vingadores: Guerras Secretas, o que torna Quarteto Fantástico o “começo do fim” do MCU que conhecemos nos cinemas. Resta agora aguardar para ver se a empresa pretende seguir no padrão atual ou realizar melhorias para fechar todo esse universo com chave de ouro. 

E aí, você vai assistir Quarteto Fantástico Primeiros Passos nos cinemas? Comente nas redes sociais do Minha Série! Estamos no Threads, Instagram, TikTok e até mesmo no WhatsApp. Venha acompanhar filmes e séries com a gente!