
28 jul Após negar, Google reconhece erro que não notificou milhões de pessoas sobre terremoto na Turquia
O sistema de alerta de terremotos do Google falhou em notificar da maneira adequada pelo menos 10 milhões de pessoas antes dos fortes tremores de terra que atingiram a Turquia em fevereiro de 2023, como noticiou a BBC no último domingo (27). Os eventos sísmicos deixaram mais de 50 mil mortos e 100 mil feridos.
A tecnologia disparou apenas 469 alertas de ação urgente, o tipo mais alto da notificação, em um raio de 158 km do epicentro do primeiro terremoto de magnitude 7,8. Em contrapartida, o alerta menos severo, destinado a tremores leves e que não emite sons se a função “Não perturbe” estiver ativada, foi lançado para 500 mil pessoas.
Leia também: Japão alerta para risco de ‘megaterremoto’ após abalos: saiba o que é umOs terremotos da Turquia em 2023 deixaram um grande rastro de destruição. (Imagem: Getty Images)
O que levou à falha?
Lançado em agosto de 2020, o Android Earthquake Alerts System (AEA) utiliza dados de sensores de smartphones para detectar atividades sísmicas. As informações fornecidas por muitos aparelhos na mesma região são combinadas para verificar se um terremoto está acontecendo e, a partir daí, os alertas são enviados.
Como detalha a reportagem, uma investigação interna do Google apontou que o mecanismo subestimou a força do primeiro terremoto na Turquia, dando a ele uma magnitude de 4,5 a 4,9 na escala Richter;Por causa disso, a maioria dos alertas enviados no território turco foi de menor intensidade, que muitas pessoas podem nem ter visto, dependendo da configuração do celular no dia do evento;A tecnologia tinha potencial para alertar 10 milhões de pessoas sobre o abalo sísmico com uma pequena antecedência, para que elas procurassem abrigo, porém menos de 500 notificações urgentes foram disparadas;Falhas também ocorreram no segundo terremoto naquele mesmo dia, quando o sistema enviou 8.158 alertas urgentes e cerca de 4 milhões de avisos menos intensos.
O alerta de ação do sistema de detecção de terremoto do Google poderia ter ajudado a salvar mais vidas, como aponta o relatório, uma vez que os tremores ocorreram durante a madrugada. Como ele emite um som alto, mesmo se o celular estiver no modo “Não perturbe”, muitas pessoas teriam acordado a tempo de se abrigar.
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Apontado pelo presidente turco Recep Erdogan como o pior desastre do país nos últimos 100 anos, o terremoto de 2023 levou uma grande quantidade de prédios a desmoronarem. Muitas das vítimas possivelmente estavam dormindo, pelo horário em que a tragédia aconteceu.
O alerta mais urgente, à esquerda, foi enviado para uma pequena quantidade de pessoas pouco antes do terremoto. (Imagem: Google/Divulgação)
Algoritmos de detecção revisados
Inicialmente, o Google disse que o AEA havia “funcionado bem” durante o terremoto da Turquia. Mas algum tempo depois, a gigante de Mountain View reconheceu que o sistema não trabalhou adequadamente, alegando limitações nos algoritmos de detecção da plataforma.
Depois disso, a big tech diz ter revisado esses algoritmos e executado uma simulação com a mesma magnitude do primeiro terremoto. Os resultados mostraram que o sistema enviou 10 milhões de alertas urgentes e 67 milhões de avisos menos severos depois da atualização.
Funcionando em 98 países, o alerta de terremotos do Android é operado pela própria companhia, sem a participação direta de governos. Embora a tecnologia seja usada apenas como ferramenta complementar aos sistemas de alerta das autoridades locais, acredita-se que muitas nações tenham uma forte dependência do AEA.
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O Brasil é um dos países em que a tecnologia funciona. Este ano, moradores de São Paulo e Rio de Janeiro se assustaram com um alerta de terremoto de magnitude 5,5 enviado pelo Google durante a madrugada de 14 de fevereiro, porém a Defesa Civil de São Paulo negou qualquer registro de abalo sísmico na região.
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