Nova tecnologia usa sinais de Wi-Fi para identificar e rastrear pessoas

Pesquisadores da Universidade La Sapienza de Roma, na Itália, desenvolveram uma nova tecnologia capaz de identificar e rastrear pessoas com base em como o corpo interage com os sinais Wi-Fi. O mecanismo foi detalhado em um artigo publicado no último dia 17 de julho na plataforma arXiv.

Batizada de “WhoFi”, a novidade foi criada como uma alternativa aos sistemas convencionais de vigilância baseados em câmeras de segurança que podem sofrer interferências de fatores como iluminação ruim e mudanças de ângulo. Além de não depender de vídeos, ela não é afetada por paredes nem objetos no ambiente.

Leia também: Como a tecnologia ajuda a combater problemas de identificação de pessoasEm teoria, a tecnologia permitiria rastrear pessoas em qualquer lugar com sinal Wi-Fi disponível. (Imagem: Getty Images)

Como funciona o WhoFi?

À medida que o sinal dos roteadores Wi-Fi se propaga por um ambiente, seu formato de onda sofre alterações causadas pela presença e características físicas de pessoas e objetos ao longo do caminho. Tais modificações são registradas nas Informações de Estado do Canal (CSI), que armazenam as propriedades do canal de propagação da comunicação sem fio.

Esses dados contêm “informações biométricas ricas”, conforme os autores do estudo, pois registram como os sinais Wi-Fi interagem com ossos, órgãos e a composição corporal, criando distorções específicas de cada pessoa;A tecnologia criada pelos pesquisadores italianos analisa essa assinatura única gerada a partir da interação do corpo com a rede sem fio, sendo capaz de reconhecer as modificações geradas por uma pessoa ao se deslocar na área de cobertura;O sistema pode filtrar anomalias, corrigir eventuais erros de sincronização e aprimorar os dados coletados com base nas variações direcionadas;Por fim, um algoritmo avançado entra em ação, analisando os padrões de sinal produzidos com o deslocamento no ambiente, gerando assinaturas biométricas digitais para cada indivíduo.

No estudo, o WhoFi foi testado em um ambiente com 14 pessoas, em diferentes cenários de combinação de roupas e acessórios utilizados pelos voluntários. De acordo com os autores, a tecnologia alcançou uma taxa de precisão de 95,5% na identificação desses participantes.

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Isso é mais do que os 75% de precisão atingidos em iniciativas semelhantes realizadas anteriormente por outros pesquisadores, sugerindo que esse tipo de tecnologia pode evoluir ainda mais. No experimento recente, foram usados dois modelos básicos de roteadores TP-Link N750 para gerar o sinal sem fio, embora o software exigido seja bastante avançado.

As assinaturas biométricas únicas de cada pessoa geradas pela interação com os sinais são identificadas por um modelo avançado. (Imagem: arXiv/Reprodução)

Vigilância indesejada

Teoricamente mais eficiente que os sistemas de vigilância convencionais baseados em vídeos, a solução criada na universidade italiana, que ainda é um conceito, pode ser usada de várias maneiras. A aplicação serviria, por exemplo, para monitorar áreas sensíveis ou críticas para a segurança.

Há, ainda, a possibilidade de uso em estabelecimentos comerciais para identificar clientes assíduos ou que estão retornando após um longo tempo de ausência e oferecer promoções específicas para cada caso. Mas o sistema também levanta preocupações em relação à privacidade.

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Com a ampla disponibilidade de conexões Wi-Fi em espaços públicos e privados, as pessoas poderiam ser rastreadas e identificadas com facilidade, mesmo sem o uso de celular ou outro dispositivo, aumentando os riscos de vigilância indesejada e até ilegal.

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