
07 ago Galaxy Book 4 Edge: eu esperava mais [Review/Análise]
A Samsung anunciou o seu primeiro Copilot+ PC em maio de 2024. Essa nova geração, como vocês já viram no TecMundo, traz os computadores com inteligência artificial, então era só questão de tempo até a marca sul-coreana lançar o seu.
Eu criei uma certa expectativa para o Galaxy Book 4 Edge porque eu já testei alguns notebooks com processador Snapdragon e curti bastante. Ele foi lançado por aqui em janeiro de 2025 com preço sugerido de R$ 8 mil.
Esse definitivamente é um notebook premium que traz muita coisa bacana, como um desempenho sólido, bateria de longa duração e boa construção. Mas ele faz vários cortes, e eu confesso que esperava um pouquinho mais.
Confira agora as nossas primeiras impressões do primeiro PC da Samsung focado, de verdade, em inteligência artificial.
Design, teclado e touchpad
Toda a linha Galaxy Book 4 segue a mesma linguagem visual, então o Book 4 Edge se parece com os outros modelos. Ele traz um corpo em alumínio bem firme e robusto, com tom prata azulado que chega como um diferencial.
Eu gosto dessa aparência mais discreta e com cantos arredondados, mas com uma certa curva nas laterais. O notebook da Samsung pesa cerca de 1,5 kg, é um modelo fino e tem praticamente as mesmas dimensões do Book 4 comum. Eu acho bem confortável levar ele na mochila.
O Book 4 Edge tem uma porta HDMI 2.1 e duas USB-C no lado esquerdo, além de um conector para fones de ouvido e microfone, uma USB-A e leitor de cartões microSD no lado direito. O notebook pode inclinar a tela em 180º, mas ele não é tão confortável de ser aberto só com uma das mãos e às vezes acaba levantando a base quando você faz isso.
O notebook também tem saídas de ar voltadas para a parte traseira (na dobradiça) e para baixo, que também é onde ficam as duas saídas de som de 1,5 W cada. O teclado dele traz teclas confortáveis e com um padrão numérico no lado direito, mas ele é bem estreito.
Um design simples, mas estiloso (Imagem: TecMundo)
Eu curti a digitação do Book 4 Edge. O teclado é um pouco mais raso e tem cliques silenciosos, o que me ajudou a escrever com agilidade e sem muitos problemas. A grande questão aqui é que ele sequer tem retroiluminação, algo que está até em alguns notebooks mais básicos. A falta do recurso dificulta demais usar o notebook em lugares escuros.
Algo a se notar é que ele traz, é claro, a tecla do Copilot, além de um leitor de impressões digitais em uma tecla separada. Já o touchpad dele não fica centralizado e também não é muito grande. E assim como em vários outros notebooks, ele traz cliques só na parte inferior — mas você pode usar toda a área normalmente.
Tela, som e webcam
O primeiro Copilot+ PC da Samsung no Brasil traz uma tela de 15,6 polegadas, um tamanho bem confortável para trabalhar. Ele traz espaço suficiente para abrir algumas abas de aplicativos sem deixar tudo tão espremido. Uma coisa que eu gostei bastante foi o acabamento antirreflexo, que deixa a tela mais legível em lugares abertos ou perto de janelas.
Essa não é uma tela AMOLED, como a empresa fez no Book 4 Pro ou Book 4 Ultra, e sim um painel de LED. A resolução é Full HD e a taxa de atualização bate somente nos 60 Hz. Ou seja, é uma tela muito mais próxima do Book 4 de base do que dos outros mais robustos. Inclusive no brilho, que não é muito alto.
Um vislumbre da tela do Galaxy Book 4 (Imagem: TecMundo)
Mas isso não significa que seja uma tela ruim. Você tem uma densidade satisfatória de pixels por polegada e cores bonitas, ainda que não a nível profissional. A grande questão é que, para um notebook desse preço, a gente sempre acaba esperando um pouco mais.
Ele também traz duas saídas de som de 1,5W, ambas apontadas para baixo. Essas saídas podem ficar abafadas quando o notebook está sob uma superfície e não têm volume muito alto, mas servem para um uso mais generalista. É uma configuração um pouco mais básica do que o Book 4 de entrada, mas que fica bem atrás das versões Pro e Ultra.
Já a webcam dele tem 2 MP de resolução, mas eu achei ela escura. O efeito iluminação de retrato do Windows ajuda um pouco, mas o ideal é usá-la em lugares bem iluminados.
Definitivamente não recomendamos o uso da webcam em ambientes com pouca luz (Imagem: TecMundo)
Desempenho e IA
Esse é o primeiro notebook da Samsung com um processador Arm da Qualcomm. Ele traz o Snapdragon X Plus de base, o X1P-42-100. Essa versão tem 8 núcleos e clock de 3,2 GHz, mas ele conta com aquele modo de “turbo” para 3,4 GHz. Ele ainda inclui uma NPU com 45 TOPS, a mesma em toda essa linha Snapdragon. A Samsung trouxe somente uma configuração para o Brasil, com 512 GB de armazenamento e 16 GB de RAM. Os dois componentes estão soldados, então não existe a opção de fazer upgrades de uma forma simplificada.
Fazendo aquela comparação de sempre, o Dell Inspiron 14 Plus também traz o X Plus, só que uma versão um pouco acima. Ele tem a X1P-64-100 com 10 núcleos, clock máximo de 3,4 GHz e 3.8 FLOPS. Mas tem uma “pegadinha”: essa versão aqui é um pouco mais potente, mas não tem o modo “turbo” que aumenta o clock.
No geral, o Book 4 Edge é muito bom para quem quer trabalhar e até rodar algumas aplicações mais pesadas. Ele é muito competente para esses cenários de produtividade e estudos, além de fazer um bom gerenciamento de temperatura. Eu não notei nenhum momento de atividade que possa ter esquentado demais o computador. E ele também é muito silencioso, eu praticamente não ouvi as ventoinhas no dia a dia. A não ser no modo de desempenho, que liga elas mesmo fazendo coisas como transferir ou extrair arquivos.
Para atividades do dia a dia, ele não deixa a desejar (Imagem: TecMundo)
Mas eu ainda achei curioso eles trazerem um notebook com o X Plus e não com o X Elite. O gerente sênior de notebooks e tablets da Samsung Brasil, Matheus Benatti, me ajudou a entender essa escolha de hardware. Ele me disse que a Samsung trouxe essa versão “pela dinâmica do mercado local” e também para “educar e expandir” o mercado local de AI PCs. Eles ainda pretendem lançar o modelo com o X Elite por aqui, que também é vendido em outros países, mas não agora.
Continuando, onde o Book 4 Edge acaba pecando, e isso também se reflete em outras máquinas com o mesmo processador, é na GPU. Quem estiver pensando nele para editar vídeos, por exemplo, vai ter um desempenho bom para edições não tão robustas. E ele não é feito para os games, mas você ainda consegue jogar, sim, alguns básicos. Esse modelo também traz uma GPU integrada Adreno, da Qualcomm. E também existe a questão da compatibilidade geral de software por ele ter um processador Arm. É sempre bom checar se os seus apps que rodam em x86 já são compatíveis para não ter problemas.
A falta de textura mostra que ele não é indicado para os gamers de plantão (Imagem: TecMundo)
Mas eu diria que ele ainda tem outros dois destaques. Um deles é a integração com outros dispositivos da própria Samsung, então você pode usar o celular em conjunto com o notebook e até usar um Galaxy Tab como segunda tela. Você também pode usar o celular como webcam ou trocar rapidamente os Galaxy Buds entre os dispositivos.
O outro é o Windows Recall, ferramenta de IA da Microsoft para lembrar o usuário de coisas que ele já fez enquanto usava o computador, mas que talvez não se lembre. Aí ele resgata, com snapshots (capturas de tela), as ações que o usuário tomou, sites que visitou e afins. Esse recurso foi recebido com duras críticas em relação à privacidade dos usuários e precisou ser adiado, então ele ainda não está disponível para o público.
Benatti me contou que a Samsung tem trabalhado com a Microsoft para levar recursos do Galaxy AI aos PCs, mas sem detalhar muita coisa. O AI Select, que estreou no Galaxy S25, já pode ser usado no Book 4 Edge, por exemplo. Aí você pode selecionar coisas que está vendo na sua tela, como imagens ou textos, e fazer buscas na internet — até agora, pelo menos, somente o Bing está habilitado.
Fora isso, você encontra recursos como os efeitos do Windows, legendas em tempo real e o Cocreate para gerar imagens no Paint. Eu também tô com vocês e acho que ainda falta alguma coisa para o AI PC, de forma geral, ser mais atraente pelos recursos de IA. Ao menos por enquanto, os celulares ainda estão na frente.
A pesquisa por seleção funciona muito bem (Imagem: TecMundo)
Bateria
Uma outra baita vantagem de usar um desses novos notebooks com chip Arm é a autonomia de bateria. O Galaxy Book 4 Edge tem uma bateria física com 61,2 Wh de capacidade e suporta carregadores de 65 W USB-C — aí você pode aproveitar o carregador no celular, fone de ouvido e outros.
Eu tive uma autonomia muito confortável com esse notebook, e isso pensando em produtividade é ótimo para a minha rotina. A média geral que eu tive foi de pelo menos 7h de tela ligada com ele para navegação, vídeos, escrita, reuniões e outros apps de trabalho.
Eu até cheguei a usar ele de um dia para o outro, encostando em 24h de uso — alternando, é claro, entre o período ocioso do modo de repouso e o de uso real. O negócio é que ele praticamente não descarrega quando está em descanso, o que acaba ajudando a poupar a carga.
A Samsung promete 27h de reprodução de vídeos localmente, mas sem Wi-Fi e com brilho de 150 nits. Eu fiz esse mesmo teste, só que com o Wi-Fi ligado e com brilho no máximo, e ele me rendeu uma descarga média de -5% por hora somente. Já com vídeos online, ele ficou com uma média de -9% de descarga por hora.
O carregador dele tem o mesmo padrão de alguns carregadores de celular da marca (Imagem: TecMundo)
Vale a pena?
O Galaxy Book 4 Edge é um baita notebook e eu entendo o que a Samsung fez aqui. A empresa precisou fazer vários cortes para entregar um primeiro modelo do tipo por um preço atraente, o que é normal na indústria — mas R$ 8 mil não é “acessível” em nenhum lugar, é claro.
O problema é que os AI PCs ainda são muito caros, no geral. O modelo que mais encosta nele é o Dell Inspiron 14 Plus, que foi lançado por R$ 8,5 mil. Ou seja, a estratégia de afastar o Book 4 Edge dos R$ 10 mil faz sentido, até para o público conhecer a tecnologia. Mas isso ainda pode afastar o consumidor pelo conjunto geral.
Um outro modelo tão competente quanto o Book 4 Edge é o Book 4 Pro, que você já encontra na faixa dos R$ 5 mil. Ele tem uma tela menor, mas as 14″ trazem um painel AMOLED, taxa de atualização de 120 Hz e resolução maior. O processador é um Intel Core Ultra, ele também tem 16 GB de RAM e o SSD é NVMe, enquanto o Edge traz armazenamento eUFS. E o modelo Pro ainda tem teclado retroiluminado e som mais potente, importante não esquecer disso.
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A parte boa é que a Samsung costuma fazer várias promoções. Eu já vi Galaxy Book 4 Edge por R$ 7,2 mil, e se ele ficar ainda mais próximo dos R$ 5 mil, aí nós vamos ter um notebook mais atraente.