Implante cerebral permite homem com paralisia controlar iPad com pensamentos

Um homem com paralisia causada pela esclerose lateral amiotrófica (ELA) agora consegue controlar o seu iPad pelo pensamento, após passar por um implante cerebral. Ele utiliza a tecnologia de interface cérebro-computador (BCI) desenvolvida pela Synchron, que divulgou as imagens do experimento na última segunda-feira (4).

Com o sistema, o participante do estudo clínico da empresa consegue navegar pela tela principal do tablet, abrir aplicativos e criar texto, entre outras coisas, sem a necessidade de mover as mãos, os olhos ou dar comandos de voz. Tudo é feito usando a mente, dando uma maior independência ao paciente.

Como funciona a tecnologia?

Portador da ELA, Mark Jackson teve a BCI Stentrode implantada em um vaso sanguíneo que fica acima do córtex motor do cérebro. O mecanismo possui a capacidade de capturar sinais neurais associados às intenções de movimentos, transmitindo-os para um decodificador externo, via Bluetooth.

O aparelho que recebe os sinais é responsável pela interação direta com o iPad, que acontece por meio de um novo protocolo de entrada anunciado pela Apple em maio;Intitulado Human Interface Device (HID), o protocolo permite que dispositivos da gigante de Cupertino aproveitem os sinais cerebrais como um método de entrada nativo;Esse sistema possibilita a comunicação em circuito fechado no qual o tablet compartilha dados contextuais da tela com o decodificador, otimizando o desempenho em tempo real;Segundo a empresa, isso resulta em um controle mais preciso e intuitivo, utilizando somente os sinais cerebrais.

“Quando perdi o uso das mãos, pensei que tinha perdido minha independência. Agora, com meu iPad, posso enviar mensagens para meus entes queridos, ler as notícias e ficar conectado com o mundo, apenas pensando. Isso me deu parte da minha vida de volta”, celebrou Mark.

O sistema também possui compatibilidade com o iPhone e o Apple Vision Pro. O headset, inclusive, chegou a ser utilizado pelo paciente e outro voluntário nos primeiros projetos-piloto da Synchron, no ano passado, porém o peso do aparelho causou desconforto neles.

O sistema também funciona com outros dispositivos da Apple. (Imagem: Synchron/Divulgação)

Intensidade do sinal

Uma das grandes novidades apresentada nesta versão atualizada do sistema, em relação ao vídeo anterior divulgado pela empresa, é o medidor de intensidade do sinal. Com a funcionalidade, uma caixa de seleção azul aparece sobre o app que Mark deseja abrir, permitindo que ele verifique se a conexão é forte o suficiente para a ação.

Quanto mais forte o sinal, a cor azul se torna mais intensa. Já quando ele está fraco, o paciente tem a possibilidade de orientar novamente a sua atenção ou reativar a intenção motora. Dependendo do caso, um pequeno reposicionamento do corpo é o suficiente para melhorar a qualidade do sinal.

“A experiência de Mark é um avanço técnico e um vislumbre do futuro da interação humano-computador, onde a entrada cognitiva se torna um modo de controle convencional”, comentou o fundador e CEO da Synchron, Tom Oxley.

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