O papel da IA na automação e nas oportunidades de requalificação no Brasil

Por Fernando Arditti

À medida que organizações de todos os portes adotam a automação como caminho para escalar operações, reduzir custos e aumentar a agilidade, a inteligência artificial (IA) surge como uma aliada poderosa para viabilizar esse movimento de forma inteligente, estratégica e sustentável. Uma pesquisa global realizada pelo Google, em parceria com a Ipsos, revelou que o Brasil está acima da média mundial no uso de IA. 

No país, 60% dos entrevistados acreditam que a inteligência artificial pode gerar mais empregos — um índice superior à média global, que é de 49%. Além disso, 78% afirmam já utilizar ferramentas baseadas em IA no seu dia a dia profissional, o que reforça o avanço da tecnologia como aliada no ambiente de trabalho.

Com a popularização das plataformas SaaS e das soluções em nuvem, a automação se tornou mais acessível, técnica e economicamente falando. Empresas que antes dependiam de longos ciclos de desenvolvimento e infraestrutura própria hoje conseguem, por meio de plataformas low-code assistidas por IA, integrar sistemas, otimizar processos e lançar serviços digitais com rapidez. 

Soluções como o Devant, da WSO2, representam essa nova geração de soluções: extremamente escaláveis, baseadas em APIs bem definidas e com suporte a múltiplos ambientes, permitindo conectar aplicações locais, em nuvem ou híbridas com segurança e flexibilidade.

Nesse contexto, a IA atua como motor de eficiência e tomada de decisão. Seja no suporte ao desenvolvimento de software, na análise preditiva de dados ou na modernização de tarefas operacionais, sua presença já está integrada ao dia a dia das empresas. Entre os avanços mais promissores estão os chamados agentes de IA — sistemas que conseguem interpretar dados e executar ações com base em regras e objetivos definidos. 

Embora ainda estejam em fase de maturação para muitos setores, esses agentes já demonstram grande potencial para otimizar rotinas como gestão de estoques, atendimento ao cliente e orquestração de fluxos internos.

Na prática, a WSO2 tem apoiado organizações globais na modernização de serviços essenciais por meio de automação, utilizando APIs e microsserviços. No Uruguai, sua tecnologia viabilizou a integração digital de mais de 150 instituições públicas, facilitando o acesso da população a serviços do governo. 

Já no setor financeiro, bancos como o INVEX, no México, adotaram as soluções da empresa para escalar operações com segurança e conformidade. Esses exemplos demonstram como a automação inteligente pode gerar impacto direto na experiência dos usuários e na eficiência institucional.

Mais do que transformar processos, essa nova fase impõe um desafio igualmente estratégico: preparar pessoas para esse novo cenário. A automação baseada em IA exige novas competências e abre espaço para a requalificação da força de trabalho. 

O Brasil, que já é referência em áreas como segurança bancária e desenvolvimento de APIs, tem diante de si uma grande oportunidade de capacitar profissionais para lidar com dados, criar integrações inteligentes, supervisionar fluxos e desenvolver soluções voltadas à experiência do usuário. Com políticas de formação adequadas e incentivo à inserção digital, é possível direcionar a adoção de IA para um motor de crescimento e inclusão.

Ao colocar a inteligência artificial como parte central das estratégias de automação, as empresas não apenas otimizam processos — elas constroem uma base mais resiliente e preparada para responder às mudanças constantes do mercado. Escalabilidade, flexibilidade e velocidade passam a ser pilares fundamentais de competitividade em um cenário no qual a inovação é contínua e o tempo de resposta é cada vez mais crítico.

Mas, tão importante quanto a tecnologia, é o investimento em pessoas. A adoção da IA e das plataformas digitais mais avançadas precisa vir acompanhada de iniciativas concretas de requalificação e inclusão profissional. O futuro da automação no Brasil depende diretamente da capacidade de integrar tecnologia e talento humano de forma equilibrada e estratégica. 

Essa jornada está em andamento, e o país tem todas as condições de liderar esse movimento na América Latina. O próximo passo é garantir que os avanços tecnológicos caminhem lado a lado com oportunidades reais de desenvolvimento social e econômico, para que a automação inteligente se torne, de fato, um vetor de transformação para todos.

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Fernando Arditti, vice-presidente e gerente-geral da WSO2 na América Latina.