Fim da Kodak? Marca lendária em fotografia está perto de fechar as portas

A Kodak, uma das mais importantes empresas do setor de fotografia e há 133 anos atuante nesse e em outros mercados, encara uma nova crise que pode ser definitiva. Segundo um balanço financeiro da própria marca, ela corre o risco de não continuar as atividades caso várias mudanças internas não sejam feitas e dívidas sejam renegociadas.

Em um documento registrado na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a companhia deixou evidente que não possui financiamento ou liquidez disponível para quitar as atuais obrigações com dívidas, que giram em torno de US$ 500 milhões (mais de R$ 2,6 bilhões em conversão direta de moeda). “Estas condições levantam dúvidas substanciais sobre a capacidade da empresa de continuar a operar“, diz o documento.

O momento marca uma das fases mais difíceis da companhia, que se recuperou de uma situação parecida na década passada, após um pedido de recuperação judicial.

Qual o risco da Kodak falir de novo?

Em uma nota enviada para a CNN, a Kodak diz que está “confiante de que será capaz de pagar uma parte significativa de seu empréstimo a prazo bem antes do vencimento” e refinanciar o valor restante. Apesar de ainda serem incertos, os novos acordos devem ser firmados e oficializados nos próximos dias e podem ao menos reduzir o rombo fiscal;Para piorar a situação, a Kodak registrou um prejuízo de US$ 26 milhões (mais de R$ 140 milhões) no segundo trimestre de 2025 por causa da queda na receita, o que gerou uma queda brusca de 26% no preço das ações. No mesmo período do ano passado, ela apresentou um lucro de valores parecidos;Um dos planos da marca para arrecadar dinheiro ou ao menos reduzir as perdas é encerrar o programa de pagamentos de pensão e aposentadoria;Além disso, ela enxerga a situação com otimismo inclusive por não ser prejudicada pelo tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, já que muitos produtos da companhia já são feitos no país;

Essa não é a primeira grande crise financeira da companhia: em 2012, ela declarou falência nos EUA e levou um ano para se reerguer e sair do processo de recuperação, algo possível apenas ao vender quase todo o portfólio de patentes da empresa.

A importância da Kodak para a indústria

Mesmo não sendo mais um nome relevante em fotografia e geração digital de imagens na indústria atual, a Kodak é até hoje referência pela importância da marca em todo esse segmento, lembrada com carinho e nostalgia por gerações de fotógrafos amadores e profissionais.

Ela foi uma das empresas que ajudou a popularizar a fotografia para amadores, além de ser pioneira na comercialização de câmeras individuais e até no desenvolvimento do filme fotográfico — item essencial para a captura e revelação de imagens pelo método analógico.

Um dos primeiros anúncios da Kodak em jornais. (Imagem: Reprodução/Kodak)

O empresário George Eastman, fundador da companhia, registrou a empresa em 1888 já comercializando uma câmera chamada Kodak e sendo um dos pioneiros no desenvolvimento do filme fotográfico em formato de rolo. Outros modelos, como a Pocket (1895) e a Brownie (1900) foram um sucesso comercial e ajudaram a tornar essa prática acessível.

A Kodak ao longo das décadas virou sinônimo de fotografia analógica pela presença em todas as etapas dessa atividade — em especial para filmes e revelações, enquanto em câmeras a rivalidade era mais acirrada. Ainda assim, linhas como a Instamatic fizeram sucessora década de 1960.

O problema da companhia foi a migração para a fotografia digital. Curiosamente, porém, o primeiro protótipo de uma câmera com essa tecnologia foi desenvolvido por um engenheiro dela, Steven Sasson, mas sem a adoção por parte da marca.

A Kodak desenvolveu a fotografia digital, mas não aproveitou comercialmente. (Imagem: Reprodução/Kodak)

A demora na adoção do digital e a concorrência (tanto em filmes contra a Fujifilm quanto em câmeras por japonesas como Sony, Nikon e Canon) foram fatais para a Kodak. A companhia declarou falência em 2012 e, ao retomar as atividades em 2013, buscou mercados alternativos.

Hoje, a Kodak trabalha muito com contratos nos setor químico e farmacêutico, além de manter a produção de filmes e películas cinematográficas — a ponto de pausar temporariamente essa atividade no ano passado para modernizar as próprias fábricas e atender a alta demanda.

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