Cantora britânica descobre álbum feito por IA em seu nome

A cantora Emily Portman se deparou com uma situação inusitada no mês passado ao receber elogios de um fã que lhe parabenizava pelo seu novo disco adicionado aos serviços de streaming. O problema é que ela não lançou nenhum trabalho recentemente e acabou descobrindo que alguém criou um álbum em seu nome usando IA.

Conforme noticiou a BBC no domingo (24), o suposto novo trabalho da cantora britânica recebeu o nome de “Orca” e estava disponível em plataformas como Spotify e iTunes, entre outras. Ele contém 10 músicas geradas por inteligência artificial cantadas em um estilo bem parecido com o da artista.

A cantora Emily Portman iniciou sua carreira em 2000, na Inglaterra. (Imagem: Wikimedia Commons)

“Vazio e perfeito demais”

Depois de receber links compartilhados pelos fãs, Portman ouviu o álbum atribuído a ela e que aparentemente havia acabado de ser lançado. O trabalho traz faixas como Sprig of Thyme e Silent Hearth, títulos que a artista classificou como “incrivelmente próximos” aos que faria.

Segundo a cantora folk, as canções foram altamente bem treinadas utilizando suas faixas reais, devido ao nível de semelhança;Além da voz e do estilo de cantar, a parte instrumental é muito parecida com a das músicas tocadas por Emily, o que confundiu alguns fãs;Apesar de bem feitas, as canções não trazem elementos humanos em sua essência, conforme a artista, o que faz o disco soar “vazio e perfeito demais”;Ela também comentou que não seria capaz de cantar de forma tão afinada quanto pode ser ouvido no material nem deseja isso.

Creditada como artista, compositora e detentora dos direitos autorais, Portman afirma não saber quem gerou e publicou o material nas plataformas de streaming nem os motivos por trás disso. Ela também ressaltou que não conhece o produtor Freddie Howells mencionado na gravação.

Pouco tempo depois da descoberta, ela encontrou outro disco gerado por IA em seu nome, mas desta vez sem a mesma qualidade de “Orca”. Imediatamente, abriu processo judicial solicitando a retirada do material das plataformas em que estava disponível e alertou aos fãs que tomem cuidado com conteúdos falsos.

A artista achou as músicas geradas por IA muito parecidas com as reais. (Imagem: Getty Images)

Problema recorrente

A divulgação de músicas feitas por IA e falsamente atribuídas a artistas reais tem acontecido com uma certa frequência, como destaca a publicação. O produtor e compositor Josh Kaufman, que tocou no disco “Folklore” de Taylor Swift, passou por um problema semelhante ao de Portman.

Outros artistas americanos também tiveram canções falsas postadas em seus nomes nas últimas semanas, aparentemente pela mesma fonte e creditados a gravadoras aparentemente sediadas na Indonésia. Até cantores já falecidos, como Blaze Folei, morto em 1989, têm sido alvos desse tipo de fraude.

Especialistas acreditam que golpistas se aproveitam dos algoritmos do streaming para aumentar a divulgação de faixas criadas por bots, recebendo centenas de milhares de reproduções e faturando alto. Mas no caso da cantora britânica, os royalties renderam apenas US$ 6, o equivalente a R$ 32 pela cotação do dia, devido à baixa quantidade de streams no Spotify, antes da retirada.

Já escutou alguma música gerada por IA? O que achou da qualidade? Dê a sua opinião comentando nas redes sociais do TecMundo.