
10 set Big Techs usam lobistas em órgãos do governo, aponta reportagem
Um levantamento mapeou pelo menos 75 profissionais de 15 grandes empresas de tecnologia que teriam atuado como lobistas dessas companhias em casas do Executivo e Legislativo. A reportagem do Núcleo indica que dois a cada três desses profissionais transitaram entre empresas privadas e órgãos do governo para alinhar os interesses das Big Techs.
O total de investigados pelo estudo, realizado em parceria com a Agência Pública e pelo Centro Latino-americano de Investigação Jornalística (CLIP), indica que eles realizaram a prática de porta giratória para se manter em todas essas instâncias. A porta giratória é o movimento de profissionais entre cargos públicos ou privados, especialmente em posições governamentais para fomentar o lobby.
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Aproximadamente metade desses profissionais entrou em cargos do governo entre 2021 e 2023, com forte concentração em 2022. Desses 75 nomes analisados, 11 tinham experiência em lobby para setores bancários, de mineração, tabaco e petróleo antes de entrarem na categoria da tecnologia.
Lobistas estão dentro de ministérios, presidência da República, agências legislativas e casas reguladoras (Imagem: Núcleos/reprodução)
A metodologia de pesquisa do Núcleo envolveu a técnica de snowball sampling, que procurou por profissionais e perfis específicos no LinkedIn por meio de algoritmos de recomendação da própria plataforma. Os nomes dessas pessoas foram ocultados, de modo a evitar a exposição daqueles que fazem seu trabalho legalmente.
Meta no olho do furacão
O levantamento das agências aponta que a Meta é a empresa com o maior número de profissionais envolvidos nessas movimentações. Ao todo, são 19 pessoas que realizaram o processo da porta giratória, e o Google (somado ao YouTube) vem logo atrás, com 13 envolvidos.
Ambas as empresas tiveram participação essencial no combate ao PL das Fake News entre 2022 e 2024. Inclusive, a Meta chegou a utilizar o ex-presidente da República, Michel Temer, como um enviado especial para auxiliar no fim das conversas a respeito da viabilização desse projeto.
Como o lobby ajuda as Big Techs?
Essa não é a primeira vez que uma reportagem aponta um forte lobby das Big Techs para ter favorecimento na esfera do governo. Em agosto, o Intercept Brasil revelou que o deputado Fernando Máximo (UNIÃO-RO) usou textos de um lobista da Meta em emendas do Projeto de Lei 2628.
Na ocasião, o lobista Marconi Borges teria assinado duas emendas para enfraquecer projetos contra a adultização de crianças em ambientes virtuais. Os conteúdos teriam sido prontamente apresentados por Máximo na Câmara dos Deputados como um projeto de sua autoria, quando na verdade foram redigidos por Borges.
Emendas de Máximo também tiveram responsabilidade de empresas de tecnologia para impedir crimes e mitigar danos nas plataformas (Imagem: Intercept)Entenda: Big techs dos EUA abrem reclamação oficial contra STF, Anatel e até o Pix
Fontes ouvidas pelo Núcleo indicam ainda que esses lobistas influenciaram diretamente na derrubada do PL das Fake News. Os lobistas de outros setores, contratados para derrubar o projeto, também fizeram certa pressão em outros setores para que atuassem de forma contrária à regulação das redes sociais.
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