Review: Hell Is Us acerta em cheio com proposta ousada de fugir dos padrões

Hell is Us é um game que, desde seu primeiro vídeo de lançamento, atraiu a curiosidade de muita gente. Os motivos são diversos, como se proclamar em ser um jogo que tem como prioridade a exploração, ou por prometer um enredo que mistura guerra civil com uma ameaça de criaturas enigmáticas.

Desde 2022 em desenvolvimento, o game, que para muitos é uma espécie de “primo de Death Stranding”, finalmente foi lançado no último dia 4 de setembro para consoles e PC. Mas será que ele é tudo isso mesmo? Confira o nosso review completo!

Veja também: PS Plus Extra e Deluxe de setembro recebe Persona e mais jogos! Veja a lista completa

Guerra civil e uma invasão de outro mundo

Se um mundo em guerra já causa pânico e medo em muita gente, imagine ele em guerra e sendo invadido por criaturas de onde não se sabe sua real origem? Pois essa é a aposta para o enredo de Hell is Us, game que desde seu primeiro vídeo de lançamento vem despertando a curiosidade de muita gente. Mas antes é preciso deixar uma coisa bem clara: ele não é nem um pouco similar a Death Stranding. Pelo contrário, é mais fácil associar o jogo com um soulslike do que com o franquia de Hideo Kojima. E para entender os motivos é só acompanhar o review completo.

Voltando a falar do enredo, no game você assume o controle de Remi, um jovem que volta para o fictício país chamado Hadea, agora devastado por uma guerra civil. O motivo do seu retorno é a esperança de reencontrar seu pai, e descobrir os motivos que levaram sua mãe a afastá-lo da região quando ainda era uma criança. 

Ao retornar ao país, Remi encontra um mundo totalmente caótico, com cidades devastadas por uma guerra civil entre dois povos: os palomistas e os sabinianos. O conflito é quase como uma guerra santa, já que ambos os lados usam a religião como válvula de escape para a pratica de atrocidades, que são detalhadas pelos sobreviventes, e algumas até vista pelo próprio protagonista, como a tortura de um líder religioso. 

Não é exagero dizer que o enredo do game é uma crítica social a muitos eventos do passado e do presente. A diferença é que o título sempre deixa para o próprio jogador tirar suas conclusões sobre uma série de questões, como quem são os verdadeiros culpados, ou se até mesmo se ambos possuem a sua parcela de culpa no conflito. 

Se não bastasse tudo isso, há também o surgimento de criaturas de um outro mundo que surgiram misteriosamente. Pelo menos no início do game, já que ao longo do enredo algumas respostas vão surgindo, mas nada muito específico. Aliás, o mesmo vale para o encerramento da jornada, há muitos elementos que ficam sem explicação, seja para que você mesmo tire as suas conclusões, ou já visando uma continuação, que a meu ver faz muito mais sentido. 

Siga o seu caminho (sem mapas)

O que mais chama atenção em Hell is Us é a ausência de mapas. E acredite, eles seriam uma mão na roda se existissem, já que além de amplos, os cenários são construídos de uma forma que não facilitam a sua localização em grande parte das vezes, fazendo com que você se perca facilmente em grande parte do tempo. 

Em outras palavras, a todo momento você é levado para mapas onde há alguns caminhos, estradas ou trilhas, mas que logo são engolidos pela amplitude de montanhas, campos, áreas devastadas, etc. E se não bastasse, ainda há outros locais onde é possível adentrar, como túneis, porões e masmorras, com uma infinidade de caminhos fechados por portas, que por sua vez precisam de chaves ou da resolução de puzzles.

Nesse momento, o game puxa a nostalgia de títulos do passado, como Resident Evil, onde é preciso encontrar uma chave para abrir uma porta, que por sua vez tem um quebra-cabeça, que precisa de peças que estão em outro lugar, por aí vai. Isso sem falar em códigos que ficam escondidos em anotações subliminares e combinações de desenhos. 

Ufa, achou confuso? calma que piora! Se não bastasse, ainda é preciso retornar a todo momento para algumas dessas regiões, seja por obrigatoriedade de seguir a história principal, ou simplesmente fechar alguma missão secundária. No game, elas são chamadas de Investigação, que por sua vez trazem uma espécie de “organograma” com pistas que são relacionados a um caso. 

Essa complexidade me lembrou muito a franquia Souls, mas até lá pelo menos há algumas “facilidades”, como fogueiras, caminhos mais lineares por dentro de castelos, ou algo assim. Em Hell is Us não. Por exemplo, em uma das primeiras regiões, que por sinal é também uma das mais amplas, meu único ponto de destaque era um moinho de vento no topo de uma montanha, mas que por ser muito distante, também não ajudava muito. 

No intuito de te auxiliar, é possível usar uma bússola para se locomover, mas confesso que, pelo menos para mim, ela mais atrapalhava do que ajudava, por isso resolvi ignorar e seguir meus instintos, e me guiar por aquela que é a cereja do bolo: a bendita investigação. 

E por mais que a palavra possa soar como um jogo de Sherlock Holmes, Hell is Us não é assim. Porém, é um game que preza pelo diálogo e pela ampla exploração de pistas, principalmente dentro de casas e estabelecimentos abandonados. Essa é a melhor forma de você se guiar e descobrir os próximos passos, mas mesmo assim nada é dado de uma forma fácil. 

Lutando por um mundo melhor

Fazendo um gancho com as questões levantadas anteriormente, a verdade é que Hell is Us deixa aberta a possibilidade de cada jogador criar a sua forma de chegar até o final. Isso pode ser feito dando atenção apenas às pistas mais relevantes, ou seja, as que fazem relação direta com a história do personagem principal, ou tentando solucionar tudo e buscando fazer do mundo um lugar melhor. 

Isso porque o game traz uma temática onde é preciso ajudar as pessoas, seja com familiares desaparecidos, pistas sobre seus paradeiros, ou com a entrega de um item que faça com que ela se sinta melhor. Isso pode ser desde um relógio de família, até uma simples garrafa de bebida, afinal, cada um sabe o que é melhor para alegrar o seu momento. Por isso, não estranhe os Itens de Exploração que são recolhidos durante a campanha, pois eles podem ser cruciais para alguma pista para seu caminho. 

Pode parecer estranho, mas é até divertido tentar fazer a ligação com que você conversou anteriormente e o item que acabou de ser encontrado. Mas se você não se divertir com isso, pode simplesmente tentar oferecer tudo para todos até que eles se encaixem da maneira com que tem que ser. Essa é acaba sendo mais uma forma de escolher como jogar, como eu tinha dito anteriormente.

Sendo assim, é possível terminar a história sem ter que agradar a todo mundo, mas acredite, fazer o bem ao máximo de pessoas possíveis é mais divertido e recompensador do que você imagina. Até porque são muitos os benefícios que isso pode lhe dar, seja de itens essenciais, como de pistas importantes para seu caminho principal.

Para completar, me arrisco a dizer que até aqueles que buscam detonados / walkthrough encontrarão dezenas de caminhos diferentes, uma vez que dificilmente alguém chegará ao fim de Hell is Us com o mesmo roteiro do início ao fim. 

Combates que latem, mas não mordem

Essa é a melhor forma de definir o sistema de combate de Hell is Us. Logo no começo do jogo, caso você não tenha desativado a opção, há uma série de tutoriais que indicam o básico para batalhar com os monstros do game.

Nos primeiros confrontos, é impossível não sentir uma certa complexidade, muito pela fato de que as criaturas não possuem um ataque padronizado, ou seja, há uma variedade muito grande na forma com que atacam, e que por sua vez é feito de uma forma muito rápida. Isso piora quando as mesmas são complementadas por uma espécie de elemental, que tem uma sequência de ataques ainda mais ágil e de uma forma mais pesada, o que na maioria das vezes gasta muito a sua energia. 

Porém, enquanto muitos soulslikes possuem o famoso “parry” que facilita bastante em confrontos contra inimigos mais poderosos, em Hell is Us há a Energia Límbica. Ela é uma aura branca surge em volta do seu personagem, onde basta apertar um botão para que seja sugada e aumente a sua energia. Além de não ser complexo de ser executado, isso facilita muito nas batalhas, já que basta uma investida comum em um oponente para que isso ocorra e sua barra de vida aumente.

À medida com que o jogo avança, isso entra no modo automático de batalha, ou seja, você já realiza essa “sucção” com mais facilidade, o que mantém sempre sua energia alta, e faz com que você dificilmente morra nos combates, sendo mais fácil de falecer por cair na água ao andar pelo cenário. 

Além disso, você também conta com outros elementos para ajudar nos combates. Um deles é seu drone, que pode ser equipado com habilidades simples, como a de deixar uma criatura paralisada por um tempo, até outros mais potentes, como uma investida quase fatal ao seu inimigo diante de tanto dano que ele causa. Já o outro elemento é em relação à habilidade especiais de sua arma. É possível escolher um elemental, que é representado pela variedade de cores, e assim equipar até quatro Grifoss, que são uma espécie de habilidades adicionais. 

Sobre as armas, confesso que me apeguei aos machados adquiridos logo no começo do jogo, o que mostra que, ao contrário de boa parte dos games, é possível sim ir até o final sem a obrigatoriedade de trocar de equipamento a todo momento. Porém, vale lembrar que também não há uma variedade tão grande que poderia complicar essa escolha. Por fim, ela também possui um sistema de evolução que, à medida que você usa a mesma arma, ela vai evoluindo com a quantidade de batalhas, outro ponto positivo e que instiga o uso de um só armamento o tempo todo. 

Gráficos encantadores e desempenho impecável

Para a produção do review de Hell is Us foi usada uma versão para PC, que por sua vez conta com a seguinte configuração:

Placa Mãe: Asus Rog Strix Z790-h Gaming Placa de Vídeo: GeForce 4070 Ti Super Processador: Intel i7 14700k Memória RAM: 32GB Kingston Fury Renegade

Com isso, pude rodar o jogo com a configuração gráfica no Ultra, e muitos elementos me chamaram a atenção positivamente. O principal deles foi o desempenho, onde mesmo no mais alto nível gráfico, eu pude reproduzi-lo em 120 fps sem qualquer tipo de travamento. Fazia tempo que não via um jogo com uma performance tão estável assim.

E não se engane achando que o motivo deste desempenho é a qualidade gráfica. Pelo contrário, Hell is Us é um game muito bonito e detalhado em grande parte das vezes, salvo alguns NPCs que poderiam ter um capricho maior, e os inimigos que não variam tanto, embora há uma lógica para isso. 

Todas as partes de Hadea possuem suas particularidades, desde as trincheiras da Floresta Senedra, passando pelo Lago Cynon com ruas rosas azuis e uma espécie de piscina que esconde uma misteriosa masmorra. Tudo é muito bem diferenciado, justamente para servir como uma espécie de auxílio para as idas e vindas citadas anteriormente.

Já as animações, embora tenham alguns deslizes por conta de seus personagens, alguns com uma construção um tanto inusitada, ainda sim ajuda a ampliar o clima do jogo, seja de tensão em momentos chaves do enredo, como em mexer com seu emocional na hora de algumas revelações bem “pesadas”, que não ouso dar pistas para não estragar a experiência. 

Vale a pena?

Hell is Us apostou suas fichas em ser um jogo “fora da caixinha” e acertou em cheio. A ousadia de apresentar cenários amplos, sem um mapa ou um meio de localização mais simples, traz um clima de nostalgia e chega a flertar com o gênero soulslike raiz, apresentado na série Souls. Mas seus combates fazem questão de mostrar que são jogos bem diferentes ao trazer uma mecânica que parece complexa, mas que no decorrer do jogo faz com que se tornem meros coadjuvantes.

As diferentes formas de chegar até o final do game agradam, embora a necessidade de dialogar a todo momento possa afastar os mais impacientes. No fim das contas, é um game que merece ser vivenciado por todos os jogadores, seja agora em seu lançamento, ou quando ficar em promoção, ou até mesmo de graça, em alguma plataforma. 

Nota: 90

Prós

Exploração livre e vicianteDesempenho incrível na versão para PCDiferentes formas de seguir a sua históriaCenários encantadores

Contras

Inimigos repetitivosCombates poderiam ser mais desafiadoresExcesso de diálogos pode afastar os mais impacientes

E você, qual a sua opinião sobre Hell Is Us? Conte para a gente nas redes sociais do Voxel e do TecMundo!