TikTok descumpriu regras e exibiu anúncios eleitorais de Pablo Marçal, aponta pesquisa

O TikTok vendeu e exibiu anúncios eleitorais nas eleições municipais de 2024 mesmo com as regras da plataforma proibindo a veiculação desse tipo de conteúdo. A informação consta em um levantamento feito pelo Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NetLab/UFRJ).

Conforme o relatório divulgado pelo UOL nesta segunda-feira (22), o app de vídeos veiculou dezenas de anúncios eleitorais favoráveis ao candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB-SP). A prática também violou as regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a divulgação desses materiais nas redes sociais.

O TikTok comentou que os anúncios praticamente não influenciaram o processo eleitoral. (Imagem: Getty Images)

Anúncios alcançaram mais de 2 milhões de usuários no exterior

Durante o estudo, pesquisadores do NetLab analisaram repositórios de anúncios do TikTok na União Europeia, Suíça e Reino Unido. Como essa ferramenta não existe no Brasil, foi necessário recorrer a mercados onde a empresa chinesa divulga dados de propagandas exibidas aos seus usuários.

Foram encontrados 137 anúncios eleitorais, todos mencionando o então concorrente ao cargo de prefeito da capital paulista;Destes, 28 tiveram veiculação a partir do Brasil e os demais foram contratados em outros 11 países, por 82 anunciantes;Em 24 dessas propagandas havia apoio explícito a Marçal, pedindo voto para ele que acabou em terceiro lugar e ficando fora do segundo turno;A pesquisa destaca que essas peças alcançaram pelo menos 2,2 milhões de pessoas no exterior, provavelmente eleitores brasileiros, pois os conteúdos estavam em português e incluíam aspectos culturais locais.

Como parte de uma campanha em parceria com o TSE, a rede social alertou, durante o período eleitoral, que perfis de políticos e partidos não poderiam anunciar nem monetizar conteúdos sobre o pleito. A big tech também se comprometeu a criar uma biblioteca com dados de anúncios políticos ou eleitorais, mas não o fez.

“Existe uma preocupação muito grande, porque não se sabe quem está efetivamente investindo e quem está sendo visto, levantando a questão: esse dinheiro está vindo da onde? Por que não pode ser declarado?”, disse a coordenadora-geral do NetLab, Débora Salles, à reportagem.

O TSE não prevê punição para a prática, apesar da proibição. (Imagem: TSE/Divulgação)

O que dizem os envolvidos?

Além de afirmar que os anúncios foram exibidos no exterior e não impactaram o processo eleitoral, o TikTok disse que removeu quase 47 mil tentativas de propagandas políticas entre agosto e outubro do ano passado. O app revelou, ainda, ter cumprido ordens judiciais válidas sobre esses conteúdos.

Já Pablo Marçal ironizou o desempenho das peças, dizendo que consegue alcançar 2,2 milhões de usuários no app em “apenas uma hora”, brincando que os anunciantes não devem ter sido alunos de seus cursos.

Por sua vez, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) preferiu não se manifestar sobre o caso devido à possibilidade de apreciá-lo, se houver alguma representação. O TSE também não se manifestou.

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