
28 set Não, o Samsung Galaxy Z Flip 7 ainda não chegou lá [REVIEW]
O Galaxy Z Flip 7 é a versão recente do dobrável mais popular da Samsung, especialmente aqui no Brasil. Não por ser necessariamente o melhor ou o mais racional em termos de custo-benefício, mas porque é o modelo que eventualmente chega a preços que um número razoável de pessoas pode considerar pagar.
Nesta geração de dobráveis, enquanto o Z Fold 7 apresenta um salto evolutivo significativo em diversos pontos relevantes, como já comentei no meu review, o Z Flip 7 teve avanços mais modestos. Ele melhorou, sim, mas ainda não alcança o mesmo nível do seu principal rival, o Motorola Razr 60 Ultra.
Design
O Samsung Galaxy Z Flip 7 chega ligeiramente mais fino e leve do que a geração anterior, mas ainda é espesso, sendo maior que Z Fold 7 nesse quesito. A tela externa agora é maior, ocupando praticamente toda a tampa e envolvendo as câmeras, em um design que segue a linha da Motorola na família Razr 40, lançada dois anos atrás. Essa escolha faz sentido: além de mais bonita, torna a tela externa um pouco mais útil.
A dobradiça foi melhorada, continua fechando sem vãos, e a Samsung promete mais durabilidade. Porém, isso se aplica à dobradiça e à tela em si, não à película. A troca dela é cara na assistência oficial fora da garantia, que cobre apenas uma substituição gratuita, e ter que trocar eventualmente é praticamente uma certeza.
O corpo é feito em alumínio sólido, com vidro na tela e traseira protegidos pelo Gorilla Glass Victus 2. A certificação é IP48, o que garante resistência contra água e contra partículas maiores que 1 mm, mas não contra areia ou poeira fina.
A tela interna ainda apresenta um vinco, que não é visível de frente, apenas em ângulos ou sob reflexos fortes. Ao toque, ele está mais sutil do que em gerações anteriores, mas continua presente. Diferente do Fold, em que o dedo raramente passa pelo vinco vertical no meio da tela grande, no Flip isso acontece o tempo todo, o que torna mais difícil esquecer dele. Como o vidro ultrafino e a película plástica não mudaram, a tela interna segue sendo um ponto fraco.
Estilo interno e externo (Imagem: TecMundo)
Outro detalhe incômodo é a moldura plástica que protege as laterais da dobra, ligeiramente saltada, que coincide com a área usada para o gesto de voltar, o que faz com que o dedo raspe ali constantemente. É possível abrir o celular com uma mão só, mas exige prática e alguma força na tela interna — algo não recomendado, especialmente para quem usa unhas compridas.
O áudio é estéreo, com boa qualidade e volume forte. Já o leitor de digitais, embutido no botão de energia, é rápido e eficiente.
Telas
A tela interna é uma AMOLED LTPO de 6,9 polegadas (0,2 a mais que no Flip 6), com resolução Full HD, taxa de atualização de 120 Hz. Ela é excelente qualidade em cores, contraste, detalhamento e fluidez. A tela externa também é AMOLED LTPO, mede 4,1 polegadas, e taxa de atualização de 120 Hz e tem resolução de 1048×948 pixels, densidade relativamente próxima à da tela principal. Ambas atingem pico de brilho de 2600 nits, o que garante boa visibilidade até sob sol forte.
Software
No software, o funcionamento padrão da tela externa não evoluiu desde o ano passado. Ela continua baseada em widgets, o que tem utilidade limitada, exceto quando usada para selfies e vídeos com as câmeras externas. Porém, é possível expandir o uso com o app oficial Good Lock da Samsung.
Algumas das funcionalidades possíveis da tela externa (Imagem: TecMundo)
Dentro dele, basta instalar o MultiStar, acessar “I love Galaxy Folder”, depois “Launcher Widget” e adicionar praticamente qualquer app do smartphone à tela externa. Assim, é possível abrir aplicativos, escolher visualização em tela inteira e até ajustar proporção e posição caso as câmeras atrapalhem. Dessa forma, dá para jogar, mandar mensagens no WhatsApp ou assistir a vídeos com o celular fechado, o que aumenta a sensação de segurança ao usá-lo na rua.
Ainda assim, não existe um gerenciador de apps na tela externa, sendo necessário fechar um app para abrir outro. A limitação é estranha, já que a Samsung poderia liberar isso nativamente.
No restante, a interface é a OneUI 8, baseada no Android 16, com a experiência refinada que a Samsung já oferece em seus smartphones. Agora, a linha Flip conta com o modo DeX, além do Galaxy AI, Gemini e outros recursos de inteligência artificial. O alívio é saber que esses recursos seguem gratuitos, embora ainda precisem evoluir.
O aparelho vem com o sistema mais atual do Android (Imagem: TecMundo)
O modo 90:10 de tela dividida também está presente e funciona bem até em telas do tamanho padrão de um smartphone. A promessa de sete anos de atualizações do Android é interessante, embora pareça improvável que um aparelho desse tipo dure todo esse tempo.
Hardware
O Flip 7 vem equipado com o chip Exynos 2500 de 3 nanômetros, acompanhado de 12 GB de RAM e opções de 256 GB ou 512 GB de armazenamento interno, sem slot para microSD.
Em termos de desempenho, não deixa a desejar frente ao Snapdragon 8 Elite: lida bem com tarefas do dia a dia e roda jogos pesados sem problemas.Porém, em sessões mais longas, o aparelho esquenta e reduz o desempenho para lidar com o calor. A melhora em relação a gerações passadas do Exynos é clara, mas ainda há margem para avanços.
Câmeras
O conjunto de câmeras do Z Flip 7 não traz grandes novidades em comparação com o Flip 6. A câmera interna é de 10 MP, enquanto as externas são compostas por uma principal de 50 MP com estabilização óptica (OIS) e uma ultrawide de 12 MP com ângulo de 123º.
O Ryu pelos olhos do Galaxy Z Flip 7 (Imagem: TecMundo)
Assim como nos modelos anteriores, a câmera interna faz sentido apenas para videochamadas, já que selfies ficam muito melhores com as câmeras externas e a tela secundária.
Por padrão, o formato dessas fotos e vídeos é quadrado, mas há a opção de mudar para 16:9, permitindo selfies e gravações em horizontal ou vertical. O tamanho reduzido da tela, no entanto, pode fazer com que as mãos apareçam nas bordas das fotos. Os resultados são muito bons, mas ainda inferiores à câmera de 200 MP do Fold 7, que segue como a melhor opção da Samsung para selfies.
No geral, a câmera principal entrega fotos excelentes durante o dia, com boas cores, definição e alcance dinâmico. O zoom digital de 2x produz imagens de 12 MP com qualidade próxima à ótica. Embora haja perda de detalhamento ao ampliar, a diferença não é fácil de notar.
À noite, as fotos também são muito boas. Sem o modo noturno, há algum ruído, mas ativando-o, as imagens ficam mais nítidas — embora às vezes artificiais. A ultrawide segue a mesma linha: bons resultados de dia e de noite, mas sem autofoco, o que compromete fotos de objetos próximos.
Fotos em ambientes noturnos não decepcionam (Imagem: TecMundo)
Em ambientes escuros, ela sofre um pouco mais, mas ainda garante boas imagens, principalmente com o modo noturno. Para vídeos, o Flip 7 grava em até 4K a 60 fps, com boa resolução, imagens um pouco suaves e estabilização eficiente.
Bateria
A bateria cresceu para 4300 mAh, contra os 4000 mAh da geração passada. Em uso moderado, incluindo WhatsApp, redes sociais, uma hora de YouTube e duas horas de Stardew Valley, o aparelho chega ao fim do dia com mais de sete horas de tela ligada e cerca de 40% de carga restante, mesmo sem economizar no uso da tela interna. Já em uso intenso, como gravação de vídeos em alta resolução ou jogos online pesados no máximo, como Diablo Immortal, a autonomia cai para menos de cinco horas. Não é ruim, mas está longe de ser bom.
O carregamento de 25W leva cerca de 1h30 para ir de 0 a 100%, o que é considerado lento para os padrões atuais, especialmente para uma bateria relativamente pequena. O aparelho também suporta recarga sem fio no padrão Qi.
Vale a pena?
Estiloso, mas vale a pena? (Imagem: TecMundo)
No site oficial da Samsung, o Galaxy Z Flip 7 parte de R$ 7.379 à vista no modelo com 256 GB de armazenamento e R$ 8.279 à vista no de 512 GB. Com o cupom LIVEZ, o preço cai para cerca de R$ 5.500.
É barato para um smartphone? Definitivamente não. Principalmente quando consideramos que é possível encontrar um Galaxy S24 Ultra por cerca de R$ 5 mil ou um S25 base por R$ 4 mil — ambos superiores em praticamente todos os aspectos, embora sem o charme de dobrar e ocupar menos espaço. Para mim, e provavelmente para a maioria das pessoas, os sacrifícios em câmeras, sistema de resfriamento e principalmente em bateria não compensam os benefícios do formato Flip.
Outro ponto de atenção é para quem até gosta da proposta — formato compacto, selfies com a câmera externa, modo Flex para fotos em grupo sem tripé —, mas ainda teme a durabilidade da tela. Apesar de a Samsung afirmar que a dobradiça está bem mais resistente, a tela interna continua frágil contra pressões diretas e a película plástica obrigatória ainda pode formar bolhas ou descolar com o tempo. A preocupação é legítima e, nesse caso, dificilmente o Flip 7 se mostra uma boa compra.
A Samsung poderia ter feito melhor, principalmente quando olhamos pro Razr 60 Ultra (Imagem: TecMundo)
Sobra, então, o público realmente apaixonado pelo formato Flip, que não se importa tanto com a questão da durabilidade e provavelmente já planeja trocar de celular no próximo ano. Para esse perfil, o Z Flip 7 é uma ótima pedida. A tela externa está melhor e mais funcional do que nunca, aproximando-se do design dos Razr da Motorola — embora, no meu uso, eu ainda tenha me visto abrindo o celular para a tela principal na maior parte do tempo.
Em termos de desempenho, o Exynos 2500 do Flip 7 segura bem as pontas, apesar de não ser tão potente quanto o Snapdragon 8 Elite do Razr 60 Ultra.
Para quem não é gamer pesado, isso significa que a bateria menor também não será um grande problema. Nesse cenário, o preço mais baixo do Flip 7 torna o aparelho a opção mais interessante.
Agora, se você faz questão absoluta de ter o processador, a memória e a bateria mais potentes possíveis nesse formato — mesmo abrindo mão de outras conveniências —, aí sim o Razr 60 Ultra faz mais sentido para você. Não é a minha escolha, mas cada um tem suas prioridades.