Apple é investigada na França por gravações feitas pela Siri

A Apple está enfrentando um processo na França por uso indevido de gravações de voz nas conversas com a Siri, conforme noticiou o site Politico nesta segunda-feira (6). Conduzida pelo Escritório de Combate ao Cibercrime do país europeu, a investigação é relacionada a um caso de 2019.

Na ocasião, a gigante de Cupertino foi acusada de contratar funcionários para ouvir as interações dos usuários com a assistente virtual, apesar da promessa de privacidade da tecnologia. A big tech concordou em pagar uma indenização aos autores da ação, encerrando a demanda, porém voltou a ser alvo da justiça por causa da prática.

A Apple já foi processada pelo mesmo problema nos EUA, em 2019. (Imagem: Wachiwit/Getty Images)

Apple acusada de crime cibernético na França

A abertura do processo contra a dona do iPhone pela justiça francesa aconteceu após a denúncia feita por uma entidade de direitos humanos. A reclamação se baseou no depoimento de Thomas le Bonniec, um ex-subcontratado da Apple na Irlanda, que forneceu detalhes sobre a escuta de gravações feitas pela Siri.

Trabalhando como funcionário terceirizado, Bonniec tinha a função de analisar as conversas para refinar a qualidade das respostas da assistente de voz da Apple;Dessa forma, escutou milhares de interações gravadas de usuários, muitas delas com dados sensíveis, momentos íntimos e informações que podem até facilitar a identificação das pessoas;A gigante da tecnologia afirma que pode gravar e reter essas interações por até dois anos, com avaliadores ou subcontratados revisando os conteúdos para melhorar o serviço;Porém, fez modificações no programa, após a ação aberta seis anos atrás, passando a permitir que os usuários da Siri escolham se querem compartilhar suas conversas ou não.

Neste novo processo conduzido pela seção de crimes cibernéticos do Ministério Público de Paris, a empresa precisará responder a uma série de questões. Os investigadores querem saber, por exemplo, quantas gravações foram feitas de 2014 em diante.

A quantidade de pessoas afetadas e esclarecimentos sobre o armazenamento desses dados são algumas das outras dúvidas levantadas. Ainda não se sabe o motivo de o processo ter sido aberto tanto tempo depois da denúncia original, já solucionada junto à justiça dos Estados Unidos.

A big tech diz que o usuário pode escolher se quer compartilhar ou não suas conversas com a assistente virtual. (Imagem: stockforliving/Getty Images)

Empresa nega irregularidades

Desde a ação iniciada em 2019, a companhia sempre negou que estivesse cometendo algum tipo de irregularidade nas gravações da Siri. Apesar disso, pagou US$ 95 milhões em indenização para encerrar o caso nos EUA, em dezembro de 2024, o equivalente a mais de R$ 500 milhões pela cotação atual.

Um porta-voz da marca na França disse à reportagem que os dados da Siri nunca foram utilizados para criar perfis de marketing nem disponibilizados para publicidade ou vendidos para terceiros. A Apple reforçou, em uma postagem no seu site, que só revisa gravações com consentimento do usuário.

Você usa a Siri? Permite que suas interações sejam analisadas pela empresa ou prefere mantê-las em sigilo? Conta pra gente, comentando nas redes sociais do TecMundo.