
09 out Em busca da “batida” perfeita: Absolum traz o refinamento dos games de briga de rua
Se a vida lhe der limões, faça um beat’ em up! Esse é um lema que poderia ser adotado pela Dotemu, que tem se tornado uma das referências quando se trata de jogos do gênero “briga de rua”.
A publisher francesa já nos presenteou com Street of Rage 4 e TMNT: Shredder’s Revenge, além do seu futuro lançamento Marvel Cosmic Invasion. Mas hoje estou aqui para falar sobre Absolum, novo jogo beat’ em up da Dotemu, que foi desenvolvido pela Guard Crush Games (também responsável por Street of Rage 4) com a colaboração do estúdio de animação Supamonks e que chega no dia 9 de outubro para PC via Steam, Nintendo Switch, PlayStation 5 e PlayStation 4.
Embora Marvel Cosmic Invasion seja um lançamento posterior – e atraia os olhares da mídia por ser uma franquia consolidada -, Absolum se destaca por ser a primeira IP original da Dotemu, com uma história inédita e mecânicas refinadas pela experiência do time da Guard Crush Games que eleva esse jogo ao panteão dos jogos de “briga de rua”.
Pude jogar Absolum antecipadamente e conversar com o time de desenvolvimento sobre alguns pontos do jogo, e agora compartilho com vocês esse texto onde exponho os motivos que tornam Absolum um dos grandes jogos beat’ em up de todos os tempos.
“Todo mundo tem um plano até levar o primeiro soco.”
A Dotemu tem construído nos últimos anos um portfólio consistente de jogos, com lançamentos que conversam com a nostalgia, mas sem deixar as inovações de lado. Não é apenas reimaginar franquias consagradas, mas tentar alcançar a excelência nisso. E eles conseguiram esse feito com jogos como Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge, Streets of Rage 4, Wonder Boy: The Dragon’s Trap, Windjammers 1 & 2 e Metal Slug Tactics. E agora chegou a hora deles se arriscarem com uma produção original – embora ela ainda seja carregada de homenagens e simbolismo.
Absolum chega como um beat’ em up com temática dark fantasy e elementos roguelite. E antes que você torça o nariz – caso não goste desse subgênero -, o roguelite aplicado para um jogo beat’ em up encaixou como uma luva, principalmente devido ao fator replay e pela condução da narrativa. Sim, eu sei, os dois gêneros podem parecer bem distantes, mas aqui é uma combinação matadora.
“Um dos principais desafios era unir a rapidez e a precisão de um beat ‘em up com a progressão a longo prazo e a imprevisibilidade de um roguelite, disse Jordi Asensio, Head Game Design de Absolum. “Em Absolum, tivemos que garantir que ambos os aspectos se complementassem em vez de se chocarem — para que cada partida fosse nova, mas também recompensasse a crescente experiência do jogador. Encontrar o equilíbrio entre aleatoriedade, progressão e habilidade do jogador foi definitivamente a parte mais delicada do processo.”
Encare Absolum como um beat’ em up e você ficará feliz, pois encontramos ali todos os elementos necessários para fazer dele um ótimo jogo do gênero. Com quatro personagens distintos e com habilidades únicas a disposição, o jogador terá uma infinidade de combos e variedade de estilos para explorar. Com a opção de jogar solo ou em cooperativo com mais um jogador, seja online ou local, as possibilidades e combinações na execução dos golpes são quase infinitas. E tudo isso ainda combinado com a aleatoriedade que o roguelite adiciona.
Explicar aqui cada ponto da gameplay ocuparia muitas e muitas linhas. Então vou deixar abaixo os meus destaques do sistema de combate de Absolum:
Rituais: São habilidades mágicas aleatórias, mas que podem receber upgrade e com isso se tornarem mais poderosas quando utilizadas pelos personagens. São efeitos passivos que reagem aos seus golpes, geralmente ligados a elementos, como água, fogo, vento e eletricidade. Eles surgem com efeitos cada vez mais fortes enquanto você avança no jogo;Arcanas: São as habilidades de combate de cada personagem. Cada um conta com sete arcanas diferentes e pode optar por utilizar duas por partida. Para além do golpe fraco e forte, as Arcanas são como golpes especiais;Parry/Deflexão: Uma adição importantíssima aqui em comparação com os outros jogos da Guard Crush Games, o famoso parry ou deflexão, se torna uma ferramenta muito importante e que deve ser dominada para poder progredir, principalmente nas batalhas contra os chefes;Acessibilidade: Em relação ao combate, a adição do ajuste de dano que os personagens infligem e recebem, que pode variar de 0 a 500%, o que é uma enorme colaboração para aqueles que querem apenas experimentar o jogo e curtir a história. Mas também pode ser um desafio para os jogadores hardcore que buscam a superação em situações adversas.
“Quando Streets of Rage 4 foi lançado, notei que muitos jogadores perguntavam como bloquear ou rolar — “onde está o botão de esquiva?” Vindo dos fliperamas, sempre pensei em defesa como algo mais orgânico, mas com Absolum queríamos oferecer uma entrada de defesa claramente identificada. No entanto, não queríamos que o combate se transformasse em um loop sem sentido de ataque/ataque/rolagem. É por isso que projetamos o botão de defesa para funcionar em combinação com comandos direcionais: dependendo de como o jogador o usa, ele pode se tornar uma esquiva, uma investida para dentro ou para fora, ou até mesmo uma deflexão. A mecânica é simples de acessar, mas exige intenção e timing do jogador, o que torna cada troca com os inimigos mais dinâmica e envolvente.” – Jordi Asensio, Head Game Design de Absolum
Absolum é realmente desafiador, mas sem exageros. Como um beat’ em up suas mecânicas de combate são o cerne do jogo. A Guard Crush Games não decepciona, melhorando tudo o que já havia feito em Street of Rage 4. E, como sempre falo por aqui, você não precisa acreditar em mim, pois existe uma demo de Absolum para PC via Steam, onde você pode ter um gostinho de todas essas mecânicas de combate sem gastar nada – mas já aviso que você vai querer mais.
“As aventuras nunca acabam? Acho que não. Outra pessoa sempre tem de continuar a história.”
O primeiro título original da Dotemu não é só uma aposta temerosa, mas a esperança do início de uma franquia para além dos games. O mundo de Talamh, onde se passa a aventura, é algo único:
“Absolum apresenta uma narrativa com temas sobre confronto de um poder ditatorial desenfreado e como enganar a própria morte. No mundo de Talamh, um evento cataclísmico causado pela magia faz com que o Rei Sol Azra conquiste todas as terras e fontes de magia por meio de uma guerra brutal, massacrando qualquer mago que não esteja disposto a servi-lo.”
“A esperança de Talamh agora está em um bando de rebeldes auxiliados por um mentor misterioso e mítico conhecido como Uchawi e pelas igualmente poderosas Root Sisters que, juntas, se opõem à busca de Azra pelo poder total, fazendo uso de uma magia antiga e proibida. Essas forças míticas fortalecem nossos rebeldes com uma magia surpreendente à medida que alimentam uma resistência, lutam contra o punho de ferro de Azra sobre Talamh e descobrem o segredo por trás do seu domínio, cada vez maior.”
Como disse acima, em um beat’ em up o foco é o combate e suas mecânicas. Seguindo o exemplo de jogos de luta, onde a história não tem tanta profundidade, a porradaria é protagonista e a narrativa só um motivo para o jogador continuar apertando botões freneticamente. Mas em Absolum isso não acontece.
Os personagens são chamados de Arcanistas, pois conseguem fazer uso dos rituais mágicos. Entre eles temos um Sapo mago, um anão pistoleiro, uma elfa guerreira e uma mascarada acrobática. Como um bom mundo de fantasia medieval, o jogo nos garante ação ao enfrentarmos goblins, piratas, esqueletos, fantasmas, servos de entidades malignas, povo lagarto, cavaleiros e soldados imperiais sombrios. Tudo isso envelopado num clima melancólico, com muito mistério envolvido.
A narrativa se vale da implementação dos elementos de roguelite para desenrolar sua história. A cada nova partida (run), novos locais são desbloqueados no mapa e de forma orgânica vamos conhecendo um pouco mais sobre a trama e o nosso interesse é direcionado para os conflitos de Talamh e as agruras dos NPCs.
“Talamh nunca foi uma terra pacífica, é um mundo de paixão e conflito, e por isso contos populares e mitos épicos me ajudaram a refinar o tom e os personagens”, disse Gautier Knittel, designer de narrativa de Absolum. “Queríamos algo bonito, mas perigoso, cheio de cor e emoção, personagens fofinhos enfrentando provações horríveis e um vislumbre de luz no fim do túnel. A principal inspiração vem dos incríveis e muitas vezes sombrios filmes de anime das décadas de 1980 e 1990 e das visual novels franco-belgas.”
A convergência de elementos cria uma atmosfera única, mas familiar ao mesmo tempo. Enquanto jogava Absolum parecia que eu já havia habitado aquele local, justamente pelas influências e como essas inspirações foram bem aplicadas pelos desenvolvedores na narrativa e criação do mundo de Talamh.
“Ser um roguelite moldou fortemente a estrutura narrativa. A história se desenrola em camadas: todos acreditam que estão lutando por uma causa justa, explorando, revisitando lugares e personagens, partes de um panorama maior são revelados, mostrando que ninguém é completamente confiável’, finalizou Knittel.
Os autores que influenciaram na criação do universo de Absolum foram Jack Vance, pelos cenários exóticos e formas de pensar alienígenas, e Robert E. Howard pela abordagem visceral e quase mitológica na construção de mundos, segundo Knittel.
E toda essa mistura parece exatamente o que é: uma amálgama de estilos que de forma harmoniosa se uniram para se tornar Absolum.
O legado da DotEmu
Bom, deve ter ficado claro o quanto eu gostei de Absolum, né? Como um amante de jogos beat’ em up, eu já havia ficado extremamente feliz ao jogar Street of Rage 4. Jogando Absolum, fica claro o quanto a Guard Crush Games tem se dedicado para realizar o ajuste fino e chegar ao ápice no desenvolvimento de jogos de briga de rua.
Absolum ser uma IP original, ambientada num mundo fantástico, que faz uso dos elementos de roguelite com maestria, só me faz querer mergulhar ainda mais fundo nessa mitologia. Adicione a tudo isso uma trilha sonora arrebatadora composta por Gareth Coker (Prince of Persia: The Lost Crown, Ori and the Will of the Wisps, Halo Infinite) com colaboração de Mick Gordon (Doom Eternal), Yuka Kitamura (Elden Ring) e Motoi Sakuraba (Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes).
“Eu imagino que existam muitos desenvolvedores de jogos que gostariam de trabalhar com alguém tão prestigiado e talentoso quanto Kitamura-san”, disse Micke Moïsa, produtor de Absolum. “Nós dedicamos muito cuidado ao moldar o jogo, seu mundo, sua atmosfera… e para isso, tivemos que encontrar pessoas que se encaixam melhor no mundo que criamos, e não o contrário. As coisas aconteceram praticamente da mesma forma com o lendário Motoi Sakuraba e o poderoso Mick Gordon. Gareth Coker foi o ‘maestro’ perfeito para montar isso e dar vida a esta nova propriedade intelectual.”
Então, em Absolum temos o conjunto completo, com gameplay, história, trilha sonora, estilo de arte e diversão garantida para aqueles que derem uma chance para esta nova obra da Dotemu. E, já adianto, caso você se encante pela mitologia e o universo de Absolum, e queira mais conteúdo explorando a narrativa, uma animação já está em desenvolvimento. Ainda sem data definida, a produção ficou por conta da Supamonks, que já trabalhou no desenvolvimento do jogo.
O que me resta dizer é: joguem Absolum assim que puderem, gostando ou não de jogos beat’ em up e/ou roguelite, tenho certeza que o mundo de Talamh irá te fascinar.
Absolum está disponível para PC via Steam, Nintendo Switch, PlayStation 5 e PlayStation 4.
Uma cópia para PC de Absolum foi cedida pela Dotemu para a realização deste texto.