Óculos futuristas, IA e energia nuclear: Amazon revela novidades nas operações

Nesta quarta-feira (22), a Amazon realizou o Delivering the Future US 2025, em que apresentou novidades sobre tecnologia e sustentabilidade para suas operações com foco na experiência dos clientes e em melhores condições de trabalho de seus funcionários.

A convite da Amazon, o TecMundo viajou até a cidade de San José, na Califórnia, para participar do evento, conversar com os executivos, observar demonstrações, fazer testes e experienciar o que a empresa planeja para o futuro da tecnologia e do mercado de varejos.

Entregas na frente dos olhos

Um dos principais anúncios realizados foram os óculos inteligentes para entregadores. Com uma ideia parecida com o Meta Ray-Ban Display, o dispositivo mostra informações essenciais diretamente no visor do óculos, permitindo que os trabalhadores tenham as mãos livres para realizar as encomendas, estejam avisados de possíveis ameaças (como cães raivosos) e realizem o trabalho de forma mais rápida.

Dispositivo contém duas câmeras, um display e um flash (Imagem: Amazon)

Segundo Beryl Tomay, vice-presidente de Transportes da Amazon, os óculos foram desenvolvidos junto dos entregadores e durante o período de teste, mostrou uma economia de 30 minutos no tempo total das entregas. Em entrevista ao TecMundo, a executiva garantiu que funcionários não serão obrigados a usar o aparelho e que há garantias de privacidade para quem optar por utilizá-lo.

Nós tivemos a oportunidade de testá-los em primeira mão. Confira, em breve, nossas impressões iniciais sobre o aparelho.

Robôs e IAs a favor do trabalhador

A Amazon também apresentou duas novidades focadas em seus centros de distribuição. A primeira foi o Blue Jay, um sistema robótico coordenado com múltiplos braços que agiliza o processo de separação de pedidos e diminui esforços físicos repetitivos por parte dos seus funcionários.

Esse sistema tem como objetivo levantar, separar e armazenar encomendas com maior facilidade, exigindo menos esforços físicos dos trabalhadores e utilizando de IA para criar um sistema mais inteligente e rápido.

O sistema pode receber até 10 braços robóticos independentes (Imagem: Francesco Casagrande / TecMundo)

Tye Brady,  chefe de tecnologia da área de robótica da Amazon, o equipamento permitirá, então, que a mão-de-obra humana possa focar em outros aspectos da experiência do consumidor. O Blue Jay foi desenhado e produzido em menos de 1,5 ano e já está em teste de operação em uma instalação na Carolina do Sul.

Assim como os óculos, não há expectativas para crescimentos desse ou de outros sistemas de automatização da operação. Aaron Parness, diretor de Ciencia Aplicada em Robótica e IA, afirmou que é necessário fazer um estudo do sistema de cada páis para entender a viabilização financeira da instalação do sistema. Segundo ele, ” a quantidade de mão de obra barata invalida a automação na Indía”, por exemplo.

Para os centros de distribuição, há também uma nova inteligência artificial agentica que visa facilitar o trabalho humano. Chamada de Project Eluna, ela visa diminuir a carga cognitiva dos funcionários humanos, oferecendo e executando soluções para problemas, além de poder realocar recursos e evitar gargalos operacionais.

Os dois sistemas, ainda que sejam independentes um do outro, tem objetivos em comum: facilitar o trabalho para pessoas reais por meio da tecnologia. 

Porém, após os documentos publicados pelo New York Times que revelam um interesse em substituir 600 mil empregos por robôs até 2033, há uma certa desconfiança dos reais benefícios desses anúncios para os empregados da Amazon.

Servidores sem carbono

A empresa também deu mais detalhes sobre um anúncio de sustentabilidade feito na última semana: investimento em energia termonuclear. Para abastecer energeticamente servidores de IA, que possuem uma demanda gigante de potência, eles buscaram alternativas livres de carbono.

A proposta é construir pequenos reatores modulares nos arredores de Richland, Washington, próximo da Estação de Geração de Columbia, visando um total de 12 instalações. O desenvolvimento dessas estruturas ficará por conta da empresa especializada X-Energy. 

A matéria-prima para a operação são os TRISO-X Pebble, esferas de grafite do tamanho de bolas de bilhar que, quando acumuladas dentro do reator, entregarão a temperatura necessária para o reator funcionar e, de acordo com a Amazon, entregar até 5 gigawatts de capacidade até 2039.

As esferas são mais leves do que se pode imaginar (Imagem: Francesco Casagrande / TecMundo)

Kara Hurst, chefe do departamento de sustentabilidade da Amazon, afirmou que “a grande dificuldade do momento é divulgar um planejamento”, já que eles precisam correr contra o tempo para entregar resultados enquanto o mercado de inteligência artificial se expande sem limites. No momento, o foco do projeto é nos Estados Unidos, sem previsão para expansões internacionais.

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