Final explicado de O Agente Secreto: entenda o desfecho misterioso do filme brasileiro

Representante do Brasil para o Oscar 2026, o filme O Agente Secreto chegou aos cinemas brasiliros no dia 6 de novembro e já está dando o que falar. O longa-metragem de Kleber Mendonça Filho transporta o público para o Recife de 1977, em plena ditadura militar, com uma narrativa que mistura suspense, política e melancolia. 

Com cenas de cair o queixo, o longa-metragem conta com uma história repleta de reviravoltas e um final bastante aberto. O filme também não possui uma cena pós-créditos e termina com uma cena aberta, o que pode deixar a sensação de “já acabou?”.

Apesar disso, existe uma explicação plausível para o encerramento do filme. Confira, a seguir, o desfecho explicado de O Agente Secreto, com spoilers do longa-metragem.

Qual a história de O Agente Secreto?

Em O Agente Secreto, o ator Wagner Moura vive Marcelo (ou Armando), um ex-professor universitário que tenta recomeçar a vida após se envolver em um conflito perigoso com um empresário ligado ao regime. À primeira vista, tudo parece indicar que ele é o tal “agente secreto” do título, um infiltrado entre os exilados.

Mas o diretor pernambucano usa essa expectativa apenas para brincar com o espectador e entregar algo muito mais humano e simbólico. O longa acompanha a tentativa de Marcelo de se esconder da perseguição política e de proteger seu filho, que vive com os avós maternos em Recife.

Assombrado por um passado violento e por uma invenção misteriosa, ele adota uma nova identidade e passa a viver com outros refugiados em uma pensão. Lá, encontra pessoas marginalizadas e dissidentes, em uma espécie de retrato coletivo da resistência. 

Ao mesmo tempo em que se esconde, Marcelo tenta reconstruir sua vida e se reaproximar da família. Para reforçar seu disfarce, passa a trabalhar no Instituto de Identificação da polícia, onde também pretende encontrar um documento de sua mãe, já falecida.

Por que o filme se chama O Agente Secreto?

O nome do filme, porém, é uma provocação: o personagem de Wagner Moura não é um agente infiltrado a serviço de ninguém, mas um homem comum tentando sobreviver a um sistema que o persegue.

O filme mostra como até os espaços cotidianos — como o cinema, o trabalho e as ruas do Recife — tornam-se terrenos perigosos. Sob vigilância constante, o protagonista luta para manter sua identidade oculta, enquanto sente o cerco se fechar ao redor.

 

Assim, o personagem é uma espécie de “agente secreto”, assim como um filme que aparece no cinema de São Luiz, mas muito diferente de um James Bond. Afinal, sem usar armas e apenas tentando se proteger, Armando usa sua identidade secreta para sobreviver.

O problema é que, no decorrer da narrativa, vemos que o protagonista não é muito bom usando seu nome falso, o que acaba gerando um grande conflito.

Final de O Agente Secreto está repleto de mortes

A tensão do filme atinge o ápice quando finalmente descobrimos a verdade e temos um grande conflito. Armando está sendo perseguido porque brigou com um grande empresário chamado Guirotti, que supostamente ceifou a vida de sua esposa e agora quer matá-lo.

Ligado ao regime militar, o empresário envia matadores do Rio de Janeiro para acabar com a vida de Armando em Recife. A dupla do ‘sulistas’, o jovem Bobbi e o experiente Augusto, contraram um matador da região para não ter ligação com o crime. 

Vilmar (Kaiony Venâncio), o estivador local, é o responsável por localizar “Armando”. Após perseguir o sogro do protagonista, ele acaba encontrando seu alvo principal graças a um deslize envolvendo o uso do nome falso.

Armando é reconhecido por matador, o que desencadeia um grande tiroteio.

 A sequência em que Vilmar o persegue até o Instituto de Identificação é um dos pontos altos do longa, marcada por um jogo de olhares, paranoia e desespero. Armando consegue escapar da vista do matador e chamar o delegado local, o que rende um grande tiroteio.

O que acontece com Marcelo?

Após uma série de confrontos, Vilmar é ferido, mas acaba acertando dois policiais e matando Bobbi, um dos assassinos do Rio de Janeiro. Apesar da confusão, Marcelo sobrevive — ao menos por enquanto. 

A história então dá um salto e nos leva ao presente, onde pesquisadoras universitárias tentam reconstruir sua trajetória por meio de depoimentos e documentos que foram disponibilizados por Elza, interpretada por Maria Fernanda Cândido.

 É nesse ponto que o filme revela seu desfecho mais brutal e simbólico: Marcelo foi assassinado ainda em 1977, vítima da repressão do regime. No entanto, em nenhum momento a morte do personagem é explicada ou aprofundada.

Maria Fernanda Cândido vive Elza, que documentava histórias de pessoas perseguidas pelo regime militar.

É isso msmo: a morte do protagonista não é mostrada em cena. Em vez disso, o destino de Armando aparece friamente em um recorte de jornal, como mais uma entre tantas vidas apagadas pela ditadura. O espectador vê apenas uma fotografia do corpo baleado, um gesto que reforça o apagamento histórico e a indiferença com que tantas mortes foram tratadas no período.

O salto para o futuro

O último ato de O Agente Secreto se passa décadas depois. Flávia (Laura Lufési), uma das pesquisadoras, viaja até Recife. Décadas após os acontecimentos anteriores do filme, ela encontra Fernando (também interpretado por Wagner Moura), o filho de Marcelo

Agora adulto, ele trabalha como médico em uma unidade de doação de sangue, construída no mesmo prédio que antes abrigava um cinema. A escolha não é aleatória: o espaço da memória e da ficção se transformou em um lugar de cura — ou de tentativa dela.

Em uma conversa contida, Flávia entrega a Fernando um pen drive com todos os arquivos e gravações sobre seu pai. O médico, no entanto, não revela se ouvirá o conteúdo. Durante a conversa, ele revela que não tem muitas lembranças do pai e que, apesar da promessa de que iam morar juntos, Armando acabou morrendo e nunca apareceu para buscá-lo na casa dos avós.

Com esse final, o longa-metragem mostra como o regime militar privou algumas pessoas de viver certos momentos, retirando não só oportunidades de vida diferentes, mas até mesmo as memórias de entes queridos.

Diretor Kleber Mendonça Filho explica o final

Durante uma entrevista coletiva, Kleber Mendonça Filho revelou que chegou a escrever um final mais “convencional” para o filme, mas desistiu logo. “Eu tentei escrever algo mais tradicional e não consegui nem passar da primeira página”, contou o cineasta. 

Segundo ele, o desfecho do filme reflete uma escolha pessoal e emocional, inspirada em sua vivência familiar. “Sendo eu um jornalista que já descobriu muita coisa em arquivos, filho de uma historiadora, faz total sentido que o filme caminhe para onde caminha. É uma escolha muito forte, muito sentimental.”

Com esse encerramento, O Agente Secreto reforça a marca autoral de Kleber Mendonça: um cinema que fala sobre o Brasil com melancolia, ironia e crítica. Ao evitar cenas explícitas e optar por uma revelação documental, o diretor transforma a morte do protagonista em símbolo de todas as histórias silenciadas durante a ditadura.

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